DILMA E O FACTOR LULA

Uma das matérias que mais interesse no debate eleitoral brasileiro do momento diz respeito à correlação de forças entre aqueles que tradicionalmente controlavam os media e o que se poderá chamar de nova democratização da influência com a ascensão de uma nova opinião pública, catalizadora ela mesma de uma opinião reprodutora, operada pelos cidadãos em blogues, fora, e no comentário na imprensa on-line sobretudo. Todos aqueles que diagnosticam o fim do controlo massivo dos primeiros vêem como o último-prego-no-caixão dos mega media o facto de ter sido batida por aquele que parecia tão fácil de vencer, Lula. O Factor Lula será, já é, um case study. Porém, a falácia será ignorar que a inversão de controladores dos media consiste na troca competitiva de pólos e numa lógica de forças em tensão a fim de que se consume um controlo igualmente incapaz da contradição e igualmente artífice da manipulação com o desvio da objectividade que lhe é próprio. As principais técnicas utilizadas pelos expoentes da manipulação jornalística do passado serão utilizadas pelos expoentes do futuro: os interesses de Direita, defendidos pelos megamedia serão apropriados pela Esquerda porque o jornalismo manipulativo depende da competência na sua aplicação e por isso de nada adiantará a aplicação criativa e eficiente de técnicas de manipulação se os seus beneficiários não tiverem a competência política necessária para apresentar a mesma criatividade e a mesma eficiência no seu trabalho quotidiano, ou na aposta de uma gestão de imagem estéril e enganosa ou na  administração da res publica e no serviço público à população. Lições para Portugal? Seis anos de socratismo implicaram uma grosseira deturpação de prioridades: enquanto os grupos profissionais foram atacados caso a caso, segundo estereótipos, ganhando cada vez menos e sendo cada vez menos, enquanto cortes foram operados no sentido de emagrecer o Estado, constata-se que o Estado não emagreceu, não fez regredir a Despesa ao passo que resulta evidente verificar que lá, onde se retiram benefícios às pessoas, quer pela via fiscal quer pelo corte cego de empregos públicos, aumentou o encaixe de pessoal político nos interstícios discretos do Estado, absorvendo esse mesmo pessoal ganhos e vantagens absolutamente proibitivas. Não é à toa que Portugal recua em todos os indicadores: além de não produzir riqueza, também não distribui o mínimo que tem. Mais de dez anos a recuar em todos os parâmetros. A rã portuguesa, uma espécie de eleitorado manipulável e primário, está na panela fervente. Vendem-lhe uma mentira escabrosa para engordar o pessoal político, controlando/contendo factos puros pela desinformação, empobrecendo a sociedade.

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