GANHAR ORGULHO

Para além do que, com indisfarçável exultação, Manuel Queiroz escreve no seu editorial de hoje, no i, resulta claro que o poderio espanhol só é estimulante a um português brioso na medida em possa ser beliscado e contrariado o máximo número de vezes possível. O desejo de dissolução portuguesa na manta de retalhos espanhola não pode agradar a quem sempre foi livre e se autodefiniu por oposição de caracteres e idiossincrasia. Há quinhentos anos, o mundo era demasiado amplo para abocanhar exclusivamente e os casamentos entre coroas eram uma porta aberta a quaisquer possibilidades de hegemonia futura. Espionagem, rivalidade, desconfiança, marcaram-nos e demarcaram-nos. Foi mais com a manha que com a força que levamos a nossa avante até sucumbirmos nas dependências económicas e produtivas do presente. Resta perguntar por que motivo a ideia de agregação da República Bananal Portuguesa à Monarquia Espanhola tanto seduz precisamente republicanos, socialistas e laicos. Federar os Povos Ibéricos sob quê, senão sob um Rei, o Espanhol?!  Esses senhores capitulam a uma ideia apenas por força da pátina chamada mediocridade, vocação saqueadora e antipatriotismo com décadas de saque e traição à "democracia" como serviço zeloso e competente das gentes e não dos próprios bolsos. Não ganharíamos mais em refrescar a nossa forma de Regime — a Monarquia!  para  uma rivalidade a sério com o gigante exlusivista e monopolista ali do lado?: «A Espanha que ganha tudo, campeã do mundo e da Europa, que ganha no ténis, no basquete, no andebol, que tem a Telefónica que nos compra a Vivo  mas com batalha diplomática  ao som de biliões de euros. Um poder enorme, um gigante, uma força muito bruta que foi como sempre vimos os espanhóis. Um poder de hoje muito alicerçado numa bolha imobiliária que está a perder o ar de forma contundente, com um desemprego que vai para cima dos 20%, mas foi bom enquanto durou. Com muito choro e ranger de dentes agora. De certa forma, o Braga derrotou tudo isso. O seu presidente é um construtor civil, o seu treinador chegou a jogar em Espanha e muitos disseram que foi uma vitória da gestão do Braga, que até vendeu metade da defesa e mesmo assim está lá, na Liga dos Campeões. Talvez sim.»

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