PESCAR CAVALAS

Comer sardinhas gordas, suculentas. Também. Mas uma cavala presa ao anzol, engodadas as águas, dá uma luta linda de acompanhar. Breve. Ela debate-se, debalde, num zigue-zague apaixonado pela vida, enquanto a puxamos saborosamente, à luz cálida de uma tarde sem vento, somente aquela brisa mansa, com Deus dentro, e aquela ondulação diva que afaga os tornozelos e nos salpica de mil bênçãos e mil baptismos de lágrimas por tanta paz. Sai esverdeada, divina, a cavala. Por vezes encorpada, densa, nédia. Outras vezes, menor. Logo lhe estou a desprender o anzol da mandíbula, agarrando-a bem pelas guelras, colocando-a numa rede, com as outras. Já pesa. Dará uma belíssima refeição em família. Mais tarde, de vinte estripadas, abertas e assadas, sobra quase nada. Bendita a memória de pescá-las. 

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