(PRO)POSTA ABERTA A BELMIRO DE AZEVEDO


(Ficção a roçar a Ralidade)

O coyote errante, na linha longíqua do horizonte, sou eu.
lkj
Um cidadão desfavorecido acerca-se do gabinete do Grande Pai
das Operadoras de Caixas Registadoras, dos Operadores de Telecomunicações,
dos Grandes Investimentos Internacionais,
dos Grandes Protestos-Piçada contra a Taxação Obcessiva e Estrangulante do Estado
sobre particulares e empresas,
e ousa peticionar:

j.: Dr. Belmiro, estou em crise. Eu queria um pequeno donativo. Vinha aqui pedir-lho.
Belmiro: Mas tu o que és?
j.: O que sou?
Belmiro: Sim, o que és?
j.: Sou um Parasita Útil. Mereço subsídios e subvenções porque sou Poeta.
Belmiro: E trabalhar?, não há nada, nada, nada?
j.: Nada! Sou Poeta. Trabalho a Palavra. Faço um biscate por uns trocos.
Vivo mal e mal vivo.
Belmiro: Você é patético. Não tem orgulho próprio? Nunca dei por si.

j.: É natural, sou Poeta, não sou Político. E ninguém dará por mim até que morra.
Faz parte do Estômago Estúpido da Vida.
lkj
Belmiro: Não costumo dar donativos. Não acredito num mecenato sem retorno.
Não dou peixes a desconhecidos e não ensino a pescar sardinhas
a quem me não trouxer garantidamente um tubarão. E isto é Gestão e Eficácia. Aprenda.
j.: Não acredito no trabalho escravo. Não acredito no lucro como absoluto.
Não acredito no papel do Estado Português
como garante de Justiça Social ou da Justiça em Geral.
Não acredito no papel de responsabilidade social dos mais Ricos,
que começaram sempre com um golpezito-Belmiro numa herança
ou com uma oportunidade reles-Amorim qualquer.
Não tenho perfil para golpes. A minha ética não o permite
para anos depois comparecer sério e de cara lavada
com todo um admirável sucesso e todo um admirável empório-império financeiro.
Preciso de um donativo!
Uma qualquer migalha para si para começar a pescar por minha conta!
Qualquer coisa para mim de abundante dada e generosa!
lkj
Belmiro: Vá trabalhar. Sue o seu suor. Poupe o seu dinheiro. Faça como eu fiz.
j.: Se isso é definitivo, possa você, os seus filhos e os seus netos, um dia, passear
em romaria de homenagem ao cemitério aonde os meus ossos forem descansar.
Atirar-lhe-ei a si e aos seus uma tíbia à tola ingrata e somítica.

Comments

Manuel Rocha said…
Gostei da lucidez do J mas não lhe perdoo ter ido pedinchar...:)) Não cola ! Há coisas que um J nunca faz, certo ?
:))
Anonymous said…
Andor violeta, trabalhar malandro!
Ilaine said…
Oi! Seu J, continue trabalhando a palavra, continue poeta. Continue fazendo biscates por uns trocados de palavras.

Obrigada por passar no baú.Amei!

Abraço
Anonymous said…
Passei mesmo só para desejar uma Santa Páscoa!
antonio ganhão said…
Olha poeta estás feito. A tua preguiça não te permite levar a sério o exercício da escrita, que não é espirro, improviso, teclado dedilhado de impulsão, arroto.

Depois o teu orgulho, que não te impede de mendigar ao Belmiro, mas que não te permite aceitar o banco da escola, o exercício de escrita, a repreensão de quem sabe, sentir a mão de quem nos corta o excesso e nos impõe barreiras.

Estás satisfeito com o que escreves? Não conheces o teu verdadeiro potencial!

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