BORAT E AS DUAS MISÉRIAS














Para se gerar algum humor, é preciso enlouquecer.
Borat é uma ideia louca, com momentos, do meu ponto de vista,
do mais puro e inesperado riso.

Ele conduz duas misérias a um confronto
cujo contraste as faz imensamente gémeas:
a miséria do obscuro e paupérrimo Cazaquistão;
a miséria da opulenta e imperial Norte-América.

À excepção do Urso, certas personagens norte-americanas capturadas,
arroladas na acção quase aleatória do filme,
possuem uma pureza maniqueísta,
uma obscenidade justiceirista tão natural,
emitem enunciados tão desportivos em se tratando da guerra,
da caça à gaytude,
ou do politicamente correcto il faut à mesa, na cidade, nos hotéis,
que o efeito é desvelador
e magnificamente corrosivo.

O mundo precisa de quem se digladie completamente nu
nos halls e câmaras dos hotéis por causa de Pamela Anderson,
de quem rompa violentamente
com os quadros de decência convencional,
revelando a indecência mental vigente.

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