PRESSUPOSTOS PARA REPOR A PESSOA NO CENTRO

Do que a Coca-Cola precisa

é que lhe resistam.

Quando não se resiste à Coca-Cola,

os governos fazem cedências e governam para as Coca-Colas de este mundo.

Do que a Wal-Mart precisa

é que lhe resistam.

Sempre que não se resiste à Wal-Mart

os nossos governos tratarão de se fazerem comprar pelas Wal-Mart de este mundo

e governar para elas.

Do que a McDonald's precisa

é que lhe resistam.

Sempre que não se resiste à McDonald's

os nossos governos tratarão de aplanar caminho

e fazer os impossíveis para se venderem às McDonald's de este mundo.

Este é um tempo em que os cidadãos e as pessoas são para os Governos

um mal necessário,

meramente a tolerar:

o mais importante para os governos é não desagradar

às megaglobocorporações,

cujos orçamentos apetitosos e dividendos fantásticos

tragam,

de um só abocanhar,

os de muitos países e respectivos mercados somados.

Um Governo com o patrocínio da Coca-Cola

é como um partido com o patrocínio da Somague.

Não é que para lá iremos,

já lá chegámos.

Do que as megaglobocorporações

(que mentem ao Público, que abusam dos povos mais pobres,

que competem entre si por mais share e mais ganho e mais lucro,

que trucidam friamente os recursos e o ambiente planetários)

do que elas precisam,

a bem da centralidade essencial das pessoas,

a bem do fim da marginalização-joguete do indivíduo,

é que lhes resistam.

Resistamos-lhe com a nossa minúscula horta,

com a loja do Sr. Manuel,

com a Drogaria do Bairro,

com a Marcenaria Familiar da esquina,

com o Restaurante Típico da Terra,

com toda a alma e toda a mente,

com a preferência por vinho excelente a dois euros,

com a preferência por água e limonada,

com a preferência pelo específico, único e exótico e local,

com a simplicidade de vida.

Resistamos! Resistamos! Resistamos!