UMA VOCIFERAÇÃO UNIVERSAL

François Guizot
A multidão oscilou, e, apertando-se contra a porta do pátio
que estava fechada,
impedia o professor [Samuel Rondelot] de ir mais adiante.
Ele parou em frente da escada.
Depressa o viram no último dos três degraus.
Falou; um zumbido cobriu-lhe a voz.
Embora há pouco o amassem, agora odiavam-no,
porque representava a Autoridade.

Sempre que tentava fazer-se ouvir,
os gritos recomeçavam.
Fez um gesto largo para levar os estudantes a segui-lo.
Respondeu-lhe uma vociferação universal.
Encolheu os ombros desdenhosamente
e enfiou-se no corredor.
Martinon tinha aproveitado a situação
para desaparecer ao mesmo tempo.
─ Que cobarde! ─ disseste.
─ É prudente! ─ replicou o outro.

A multidão rompeu em aplausos.
Esta saída do professor
tornava-se uma vitória para ela.
Em todas as janelas, curiosos olhavam.
Alguns entoavam a Marselhesa;
outros propunham ir ter com Béranger.
─ Vamos ao Laffite!
─ Vamos ao Chateaubriand!
─ Vamos ao Voltaire? ─ berrou o jovem do bigode loiro.

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