SUSHI PARA PEDANTES
- Não tenho visto o meu amigo... Por onde tem andado?
- Tenho viajado, se se pode chamar viajar a este meu andar sempre enfronhado no computador.
- Muito bem. E trabalhinho?
- Não tenho trabalhinho. Não há.
- Oh, que chatice. E a familiazinha?
- A familiazinha está bem, obrigado.
(...)
- Já que me pergunta pela minha familiazinha, o que é que o meu amiguinho tem feito?
- Tenho investido por aí, no quintal, na Bolsa, feito uns negócios.
- E tem ganho alguma coisa?
-Tenho. Às vezes perco, mas pouco.
- Muito bem.
- Esse sushi é todo para si?
- É. Também gosta?
- Nem por isso. Faz-me lembrar essa moda passageira que anda para aí,
essa moda dos blogues por ser servida crua.
Os blogues são uma coisa imediata, a frio, crua, não são?
Veja lá que para Manuel Maria Carrilho,
perante a crise e o descrédito que pairam sobre os partidos políticos,
a solução, a saída, de que é proponente
é a constituição de um Think Tank e de um blogue PS...
Quando o que paralisa os partidos é só a distribuição de Tachos, que todos querem ter e ninguém quer perder. São aos milhares, só no PS.
- Ele há cada absurdo! Eu penso que não é por aí. Os blogues pertencem ao Povo.
Eles são, na maior parte dos casos, uma realidade solitária e mal sucedida,
mas a melhor possível.
lkj
90 % deles são lidos apenas pelos próprios autores, embora, por vezes,
haja um circulo alargado de visitação regular, mas apenas para marcar presença
e garantir reciprocidade visitacional.
lkj
1% recebe a massa das visitas de um País ou porque já se era figura pública ou porque
a publicidade inicial surtiu, ou porque o que se faz é mesmo bom,
ou por uma questão de lóbi, ou ainda porque a matéria é vendável,
seja o sexo, seja a superapetitosa inconfidência.
lkj
O resto dos blogues é uma coutada de e para pedantes,
de gente muito vaidosa e convencida dos seus méritos intelectuais ou outros
e que vai atrás somente dos seus iguais para lhes lamber o cu
na esperança de ver o seu lambido em troca, tudo dentro de um espírito
de recíprocos broches e bacanais de glória, de reconhecimento por um circuito bem fechado.
- Não sei se poria a coisa nesses termos, mas creio que percebi.
- Pois, mas é o que eu penso. A ironia de isto tudo é que quer os blogues dos intelectuais,
quer os blogues dos mais simples populares se rejeitam reciprocamente
com tal ódio e tal indiferença desconfiada
que o desperdício de energia de parte a parte é enorme.
- É preciso gostar mesmo de sushi, não é?!
- É, tal como é preciso gostar mesmo de blogues.
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