ELEITORES ENTRE COMOÇÃO E SUSTO
Quando os cidadãos se sentem assustados com os actores políticos, quer pelo respectivo excesso atoleimado quer pelo respectivo défice totó de voluntarismo, já não podem encarar este tipo de eleições nem com o frequente desportivismo nem com o frequente desprendimento alheado. Sentem-se em jogo a par do futuro do País. Sentem que há malfeitorias a que só eles podem pôr cobro. Só eles podem clarificar uma linha política desejada. Daí que a abstenção vá talvez emagrecer de um modo expressivo ou nem tanto, sendo que esse "nem tanto" poderá ser ao mesmo tempo trágico e irrelevante. Logo mais veremos com que efeitos o factor abstenção pesará nos resultados. Há um caminho inexorável a trilhar e por que lutar em Portugal: resgatar o âmbito decisório estrito, deferido pelos Cidadãos nos Políticos, processo hoje injustificadamente arcaico, novamente para a esfera e sob escrutínio da própria cidadania. Mesmo os media terão de inflectir da alçada do poder político para a do cidadão leitor, eleitor e comentador, no seu imenso e determinante poder de escrutínio e controlo da acção política. A decisão é sempre nossa. Por muito que no-la usurpem os nossos abusivos representantes eleitos, quando nos não prestam contas, quando obscurecem decisões somente boas para interesses inconfessáveis e quase sempre más aos interesses de um Estado sustentável. Nos meios locais mais pequenos continuam os velhos fenómenos de caciquismo entre os velhos grande partidos enraizados no poder local. Votos por alimentos. Votos por subsídios. Votos por qualquer tipo de compensação ou apoio directo. É assim que certos autarcas permanecem no poder por décadas, alargando uma espécie de patronato público que assiste, mas também cobra em géneros. O voto. Mas, enfim, são 9.490.680 eleitores com o poder de manter ou mudar tudo. No sítio oficial das Legislativas 2009, acompanhe-se o evoluir dos acontecimentos com o máximo de rigor, presume-se: «Apesar de ter aumentado o número de votantes até ao meio-dia, o responsável do CNE sublinhou à agência Lusa que em termos percentuais a diferença não é tão notória, já que em 2005 existiam menos 600 mil votantes inscritos.»
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