UM PAÍS ATOCHADINHO DE ESPERANÇA


Dia de reflexão? Comprovadamente, não parece de todo. Seguindo a velha tradição, ilustrada com atroz abundância — passar quatro anos a torturar malvadamente a realidade, a deformar valores e princípios — o Partido Sôfrego finta uma vez mais as regras estabelecidas pela democracia, entre as quais, finda a campanha eleitoral, a da observância escrupulosa do silêncio político com abstenção respeitosa de actos de charme político. O hábito inumano de vencer trucidatoriamente, sem olhar a quaisquer meios, sobretudo num Poder em derivas de desmesura, produz monstros. O que vale é que há um País Profundo atochadinho de esperança. Aguarda livrar-se do pérfido fardo enganoso que o traz oprimido, infeliz, chantageado. Move-o, ao País, uma lógica diversa com aspirações opostas ao que lhe vende o Partido Sacana. O torno mental com que o Partido Sequioso visou martelar, bater e condicionar tal País, com doses cavalares de propaganda manhosa, aliás tão caríssima quanto perdulária, falhou há muito. Verificou-se o efeito oposto nas gentes portuguesas: uma inaudita e aguda repugnância por Mentira e Incúria. Uma aversão activa por Treta. Uma repelência ao extremo por Fingimento na Vida Pública dada a retórica política diametralmente inversa aos actos. Foi o assalto ao papalvo deslumbrável com folhetas e fanfarra. Foi o arrastão teatral imbecilizante. Que sirva de lição e deixe azabumbado o Partido Saloio tal aposta inútil em assessores de imagem, onerando o País. Regresse-se à simplicidade do conveniente, responsável e útil. Defenda-se Portugal de vulperinos oportunistas. Rejeite-se o Desastre Ilusório de uma pseudo-modernidade servida com desonestidade e chantagem, imposta unilateralmente em contempto por tudo e por todos: «De acordo com a Constituição da República, após ser nomeado pelo Presidente da República, o primeiro-ministro tem, então, dez dias para formar o seu executivo e apresentar o Programa do Governo na Assembleia da República.»

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