DIE ZAUBERFLÖTE E A CIDADE DOS VULTOS

Para além do vidro, a noite é mais dura. Velozes, vorazes, passam automóveis vazios de uma alma sem pressa. Vultos cruzam asfaltos em magreza ansiosa e os mesmos néons do outro século, intermitentes, mentem agora alegrias sorrateiras. Oiço a minha música, velha delícia Die Zauberflöte, e ela melancoliza-me a esperança, é a hora pedinte tão sem-pão de um jovem pedinte e louro que se chama Igor. Vem suplicar-me as migalhas que me faltam: quanta nobreza tem no trato! Devolvo-lha. Não tenho nada. Não posso nada. Papageno, Naturmensch é qualquer um sem presunta excelcitude e qualquer um é ein Prinz chamado Igor.

Comments

quintarantino said…
Ó homem, verga ao alto que diabo... um homem pode ter momentos de desalento, mas não pode haver corno, gajo ou cabrão que nos impeça de persistir. Vergar, nunca! Torcer, também não. Firmes e hirtos, firmes e hirtos.

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