NÃO POSSO BRINCAR? NÃO FAZ MAL


Dia a dia, é a vertigem, o vaivém.
No chão do quarto do meu sobrinho, de uma certa vez que lá passei
para o abraço de sempre, ainda afogueado-excitado com postagens
e leituras e outros blogues e o trabalho na Escola e a noite densa no Pub,
estava tombado uma sáuria miniatura comprada sem dúvida na loja do Chinês.
Tomei-a. Quis tê-la diante de mim durante o lato tempo que passo em trânsito,
como sinal-sorriso feliz do meu golpe de asa diário, em criação e sobrevivência,
margem potenciadora do meu sonho
e criação PALAVROSSAVRVS REX.
lkj
Ainda andei uns dias com o simbólico-metafórico bicho entalado pela cauda
no vidro do mostrador, conforme se pode ver e antecipar na imagem supra,
ali como foco rememorador do que me anima tanto e tanto entusiasma.
lkj
Uma noite, porém, um meu venerando familiar, sem que eu o soubesse,
decidiu que tal brinquedo não se coadunava posicionalmente
com o meu estatuto de adulto, professor e não-sei-quê-nocturno
e mo raptou, despromoveu, removeu para um exílio desconhecido
que só mais tarde reparei ser já ali à minha esquerda,
na reentrância interior da porta do carro que me serve de espaço para documentos e lixo.
Sem dramas nem revoltas, percebi que teria de me conformar
à transitoriedade de estas brincadeiras-estímulo para mim mesmo, para meu consumo,
na construção do meu estimulante blogue,
até como consolo irónico ante o que padeço todos os dias.
lkj
Não vou insistir em entalar novamente a cauda do plástico sáurio ali
para de novo o meu venerando familiar o remover,
raptar, exilar e despromover.
Sendo nada mais que um símbolo risonho, uma partida auto-irónica a mim mesmo,
sei que o essencial está comigo,
bem íntimo e que a graça ficará na memória.

Comments

Tiago R Cardoso said…
E diga-se que está aqui um grande blogue...
quintarantino said…
hum... interrogo-me para que raio quer um gajo um bicho de plástico entalado no volante quando tem entre mãos que alegadamente dá 220...
Ricardo Rayol said…
acabar com uma brincadeira não tem a menor graça
antonio ganhão said…
Algumas memórias são como sáurios entalados pela cauda.

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