AUTO DA PORCA DO REGIME II

[As Aventuras do Santa Alcoveta]

SóCrash, o Santa Alcoveta, sente-se excitado com as reacções sobressaltadas do Partido Socialista de Extrema-Esquerda ao Orçamento de Estado para 2015, o qual mantém o aumento brutal de impostos e, portanto, não é eleitoralista. Vendo que se aproxima o fim do mês de Outubro sem que se confirme a profecia do Padrinho Don Marioleone... a da queda iminente deste Governo de Direita Decadente, resolve fazer-lhe uma visitinha, dirigindo-se, para o efeito, à Fundação Don Marioleone. Quando Don Marioleone detecta SóCrash, estende-lhe a mão polpuda e o Santa Puta segura-a, dobra o joelho e beija-a repenicadamente: 
— Abençoe-me, Padrinho, Don Marioleone, todo o dinheiro e todo o poder ao nosso Rato, hoje e para sempre... 
— Impostor! Os meus informadores garantem-me que me consideras obsoleto, Santa Puta, e não suportas que eu, pelo jornal i, te desvie da vida política. O que dizes em tua defesa?... 
— Ó Padrinho, por quem é?! Eu sou todo seu, um fanático da sua história e dos seus feitos... Tenho toda a legitimidade para ambicionar uma candidatura à Presidência...

— Não, Santa Puta. 
— Mas Padrinho... 
— Fala com o nosso gajo, o Costa, para ver se me alarga esses miseráveis 50 mil euros anuais que o Município está obrigado a dar-me como apoio financeiro à minha Fundação Don Mariolone 
— Meu gajo, Padrinho... 
— Como?... 
— O Costa é só meu, Padrinho... mas o Padrinho não reparou que são mais 14 825 euros que a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto propôs?! 
— Sim, mas isso são trocos, Santa Puta, e além do mais a coisa ainda vai a discussão e votação em reunião de Câmara. 

 — O Padrinho já reparou que o município falido do meu gajo, o Costa, é o único que tem reuniões diárias? É uma pipa de massa só em reuniões... 
— Olha lá, ó Santa Puta, esse contrato-programa entre a CML e a minha Fundação Don Mariolone... — Sim, Padrinho... 
 — ... diz que se se adiantou a atribuição de apoio financeiro para o prolongamento, até ao dia 31 de Dezembro de 2011, da exposição ‘A Voz das Vítimas’, organizada pela Associação Movimento Cívico Não Apaguem a Memória" e pela minha fundação... 
— Sim? 
— O dinheiro não apareceu... 
— Apareceu, sim, Padrinho... O protocolo entre o município falido do meu gajo, o Costa, e a sua Fundação Mariolone obrigava a um apoio anual entre 30 e cerca de 44.000 euros. 

— Parece-me pouco... 
— Mas, Padrinho, foi assinado a 07 de Novembro de 1995 pelo presidente da Câmara, Jorge Sampaio e era para vigorar pelo prazo de 10 anos e renovável para igual período. Não se preocupe que isto vai pelo menos até 2015. 
— É pouco e não me sinto seguro. O nosso gajo, o Costa, já devia ter apeado este Governo de Direita, pá. Sinto que vão cortar o meu dinheiro, e voltar atrás da actualização para 50 mil euros por ano em Julho de 2010 pela nossa vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto como reconhecimento do trabalho levado a cabo pela minha Fundação, Santa Puta. 
— Padrinho, fique descansado. Esse dinheiro que a sua Fundação já recebeu até este ano foi na ordem de um pouco menos de dois milhões de euros. 
— Foi pouco. Sempre pouco, Santa Puta. 

— Em quase vinte anos, desde 1995 e o governo de Guterres, ainda é dinheiro. 
— Foi muito mais que isso, SóCrash, mas não convém que se saiba. 
— Fui eu, Padrinho, com os meus dois Governos aquele que mais o ajudou. Mais de 3 milhões... 
— Foi pouco. É sempre pouco, SóCrash. A Direita anda a cercar-me de cortes. 
— Calma, Padrinho. Antes que este Governo da Direita Decadente lhe corte com a mama toda, o meu gajo, o Costa, vai fazer como eu que no auge da crise das dívidas soberanas lhe dei 600 mil euros... 

— Os 40 mil euros que o nosso gajo, o Costa, deu à minha Fundação não chocam ninguém. 
 — Claro que não, Padrinho. As 80 PPP ruinosas que assinei também não chocam ninguém. Pagá-las e honrar a palavra do Estado Português isso é que escandaliza toda a Extrema-Esquerda. Chega a ser poético que o nosso Partido Socialista de Extrema-Esquerda na Oposição diga não pagar o que o nosso Partido Socialista de Ultra-Direita no Governo assinou entre 2005 e 2011. É de génio complicar a vida ao Governo que venha depois dos nossos, engendrar impopularidade para ele! Nós assinamos e oneramos, eles obrigam os contribuintes a pagar. Nós comissionamos negociatas e ajustes directos e linhas de crédito, eles obrigam os contribuintes a pagar. Nós inventamos a Parque Chular, mais estradas e mais investimento público, eles obrigam os contribuintes a pagar. Nós deixamos as empresas públicas de transportes descapitalizadas, eles obrigam os contribuintes a pagar. Esta Direita é a mais Decadente dos últimos setecentos anos, Padrinho. Ehehehe Nós assinamos os SWAP ruinosos, eles obrigam os contribuintes a pagar... 
— Bem, sim, isso é de facto tudo mérito teu, Santa Puta. Nada me tem divertido mais, pá, que sacrificar os contribuintes desde que fui Primeiro-Ministro. Sempre dependi deles para tudo e para me financiar a Fundação também. Eu é que sou o Padrinho, o único Don Mariolone, o rei sem trono deste Regime que decalquei do outro, sem Direito, sem Justiça e sem Oportunidades, a não ser para a nossa elite socialista, laica e republicana, obediente à nossa Loja do Rato. Sou um protegido do Sistema que criei há quarenta anos e esse Sistema tem mais é que me temer. 

— Padrinho, beijo-lhe as mãos. Longa vida, Don Mariolone... 
— Olha, Santa Puta, é bem que te afastes do nosso gajo, o Costa. 
— Mas, Padrinho, a minha malta está toda com ele, todos os meus escravos e todos os meus devedores de favores nas TV, nas Rádio e nos Jornais... 
— Tu estás muito mal visto pela opinião Pública... 
— O Padrinho também está... 
— Pois, mas vou continuar a pagar aos jornais entrevistas para dizer por ti que não queres voltar à política... 
 — E eu vou continuar na RTP, Padrinho. 
— Mas não apareças ao lado do Costa, Santa Puta. 
— Vou continuar a apoiá-lo na RTP, Padrinho. 
— Mas não apareças... 

E foi assim que esta conversa veio a ser declarada inaudita, visto que Don Mariolone não adormeceu nem dormitou por nenhum momento nem o Santa Alcoveta o enfastiou com a cassete do PEC IV. Depois de se despedirem sob a forma do beija-mão, Don Mariolone foi à retrete actualizar o metabolismo, pensar em dinheiro e na queda deste Governo. Quanto ao nosso pícaro herói, o Santa Alcoveta, dirigiu-se apressadamente à Bramcamp para tomar posse da poderosa fragrância de cinco mil euros em rosas vermelhas e fantasiar, no seu intimo, todas as possibilidades abertas pelo seu querido amigo e mentor, o Diabo.

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