MINHA UBIQUIDADE EMOCIONAL


Obrigado, João, pela sandes. Adoro comer leitão à sexta
e sempre que possível!
lkj
Pensa que a minha relação com o teu Quarto
é mais um fenómeno de ubiquidade emocional e literária
que de voyeurismo, esse aquém do gozo que coloca o voyeur
numa posição de prazer ainda mais indirecto e demasiado asséptica e distante,
não participante porque desconhecedora da paisagem viva observada,
quando é precisamente o contrário o que se passa comigo.
lkj
Ler transfiguradamente o teu Quarto
transformou-me ainda que ilusoriamente numa omnisciência que paira,
se compadece e participa, o prazer é ilusão e a ilusão é prazer,
figura, se quiseres, a meu ver aproximada, da figura absoluta do Narratário Supremo
a que aspira qualquer narrativa nossa: por ser aquele que tão bem nos escuta,
compreende e acolhe, que de igual modo parece de todo habitar-nos as entranhas
e consubstanciar-se connosco e nós nele. Há efectivamente um supraNarratário
e um superNarratário na nascente e na foz da nossa escrita. Deus?
A mulher de todas as nossas telepatias?
O amigo da maior e mais sublime cumplicidade connosco? Todos?
lkj
É verdade que conversamos, o Tiago, o António e eu,
no último jantar sobre a gratificante radiofonização de um escrito teu
e é verdade igualmente que o António tem de resingar a meu respeito
de todas as vezes. Somos amigos, picardiamo-nos e picamo-nos todos os dias
com todo o prazer sádico da espora. Mas não é para tu pensares
que sejam sérias as coisas afiadas, aparentemente cruéis, que passamos o tempo
a espetar na literatura deficitária de um e de outro.
É desporto, mesmo. Ao contrário de ti, que és generoso,
abnegado e cheio de mérito, abdicando à partida do lucro e do mercado
pela gratuidade universal do prazer de ler e de ser lido,
ambos desejamos e aspiramos a publicar livros de carne e de papel
e sabemos que o poderemos fazer a breve trecho.
Tenho dado uns passitos. Tenho sentido o grato encorajamento
de um padrinho editorial secreto e de grande peso e prestígio nacional
que a isso (publicar!) muito me alenta e que eu admiro imenso. Veremos!
Mas gosto do António Emplumado, para além de tudo e acima de tudo.
lkj
Abraço em deleite de-leitão-lambuzado!

Comments

antonio ganhão said…
Realmente, existe muito do teu Pub neste quarto, habitado por pessoas que mantêm entre si uma relação de interesse ocasional. Ninguém pertence ali em definitivo, nem mesmo a patroa, a quem lhe assite o direito de propriedade, os outros estão de passagem, mesmo sem o saberem, e os que o sabem regressam a cada noite.

Depois existe aquela ménage á trois, da patroa do Virgolino e do estudante...
Anonymous said…
Os teus méritos de escrítica também não são nada maus ... justificam, para além de uma sandes de leitão, uma garrafa de "SARMENTINHO" ...
Tiago R Cardoso said…
tá giro, um padrinho secreto,não sabia, presumo que já tenhas procedido ao beija-mão.
joshua said…
Não. O beija-mão deixo-o para ti ao António.

PALAVROSSAVRVS REX
Tiago R Cardoso said…
Finalmente depois de enumeras tentativas, o Joshua respondeu na caixa de comentários, menos mal.
Pata Negra said…
Joshua, estes canais binários de comunicação atraiçoam-nos por vezes as mensagens:
1- Uma sandes de leitão com cinco leitões ao preço a que está o pão?!
2- Nunca ofereço um livro sem primeiro o ler. Um único exemplar dum livro deve ser, a meu ver, explorado ao máximo e passar de mão em mão até perder as capas e ter folhas com caspa.
3- Estou mais ao menos empregado e em posição de escrever umas linhas depois de cuidar da horta e das bunganvílias.
4- Apoio quem , como me parece ser o teu caso, quer sustento nem que seja à custa do seu trabalho de escrever.
5- Num sistema capitalista ganham os pensadores que vendem. Talvez um dia a sociedade evolua e pague uma pensão aos pensadores Joshua e outros que tais.
Um abraço inteiro meio a sério meio a brincar. O leitão anda-me a elevar o colesterol.
antonio ganhão said…
Isto está a ficar muito intelectual! Nestas caixas de comentário era o único sítio onde estava livre do Josh, bem pelo menos até agora!

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