PENSAR NO SANDRO 174
Gostei de ler sobre o sequestro do Omnibus 174 pelo João Silas e partilho da perspectiva de que as situações extremas de exclusão, de ausência de oportunidades e de repressão cruel e violenta são uma sementeira de problemas que acabarão por desabar sobre inocentes. O argumento fácil da carabina e do sniper higiénico, eficaz e rápido na foz do caos é apenas isso: fácil. A montante está a demissão das políticas e dos políticos, está uma sociedade que não se pensa, que não pensa o social, que não cria válvulas criativas de resgate e enquadramento a quantos tenham sido bafejados pelos traumas, o principal dos quais o desamor. Graças ao que se passou tornou-se mais produndo e mais intenso pensarmos no Sandro e nos restantes Sandros. O seu show trágico e ridículo, o seu drama, resgataram-nos para a consideração plena, comprometida e responsável pelo desvalimento a que tantos seres humanos são abandonados ao ponto em que reabilitá-los e resgatá-los parece tarde de mais.
Comments
Não só a periferia física, de nossa cidade, mas a periferia social.
No mundo do poder e da grana, da jogatina especulativa, alguém tem que pagar a conta. Não consigo imaginar alguém ganhando muito sem fazer nada, sem que na outra ponta, muitos estejam perdendo feio. Perda financeira, perda de dignidade, perda de horizontes.
http://www.youtube.com/watch?v=SnhSwgs0-Qw&feature=related
Os sequestradores eram de nacionalidade Brasileira, e estavam em Portugal ilegalmente.
No decorrer do assalto os dois foram abatidos.