PAULO BENTO, O HOMEM-HIATO


Houve um tempo que a figura de Paulo Bento era mais simpática,
mesmo quando não ganhava três vezes consecutivas num arranque de campeonato.
De repente, o uso exagerado da ironia, quer em relação a novelas
com jogadores insatisfeitos e que o afrontam e confrontam nas opções tomadas,
nas suas aliás legítimas e livres opções, quer com formas de justificar derrotas
nos jogos internacionais, fugindo a leituras mais honestas
do que terá em última análise falhado,
tudo isso vai destruíndo um capital de benevolência
angariado dentro do largo espectro de adeptos do futebol.
Não é uma questão de estrita competência, mas de alguma humildade:
perder como se perdeu contra o Real Madrid e contra o Barcelona
foi de uma infantilidade atitudinal, táctica e estratégica por demais evidente.
lkj
Enquanto os clubes de Lisboa não se fizerem respeitar
e não venderem caras as derrotas ante orçamentos e nomes
de clubes internacionais com mais sucesso
que os seus emblemas, não vale a pena insistir tanto
no velho sistema português de poderes encapotados e secretos que conspiram
na sombra supostamente contra o verdadeiro mérito: o seu e que falta provar.
Nem vale a pena continuar a invocar os erros dos árbitros portugueses contra si.
A prova dos nove é, tem sido, este sair sistematicamente derrotados, humilhados
sem qualquer necessidade ante os Barcelona, os Nápoles e os Real Madrid
de este mundo. As cabeças são fracas. A vida nocturna dissipa a ambição.
O Sporting perde. O Benfica perde. A vergonha vai ficando indelével
época após época após época. Não haver homens como antigamente!

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