AGOSTO FUMEGANTE

O mês de Agosto assistiu ao agudizar-se a percepção de que a Justiça claudicou completamente. Convém não esquecer que perante o silêncio tumular de Cavaco, os factos que a imprensa divulgou paulatinamente sobre o berbicacho Freepork, numa base quase diária, expuseram uma Justiça sul-americana que soçobra ao dúbio favorecimento e protecção de uns tantos tidos acima de quaisquer suspeitas porque sim, ideia a que estão indelevelmente associados os nomes de Pinto Monteiro e Cândida Almeida. Notícias são notícias. Por outro lado, o encerramento de 701 escolas atirou o Ensino para uma triste descoordenação logística, onerando famílias e municípios com a questão dos transportes, engendrando deserto e desolação novos no Alentejo profundo e esquecido, digno de todo o amor, e no Norte há muito em longo e inexorável declínio. O processo deveria ser completamente invertido. Finalmente, o calor e os fogos vieram no pior contexto possível porque a falta de recursos implicou quebra na vigilância das matas, onde toda a prevenção se transforma em eficácia, e as forças para combate mostraram fragilidades aos mais diversos níveis. Agosto mostrou um Governo estático, sumiço, incapaz de mobilizar e expor um rumo credível e claro a tal ponto esgotado que se perde agarra à politiquice mais incontinente como gato a bofe, com José Sócrates ainda a gesticular punhetas imaginárias em fugas quixotescas aos factos puros e duras da nossa economia naufragante. Pedro Passos Coelho pactua com tudo isto, embora à última hora com uma retórica de ultimato: nunca ousou fazer do Parlamento a arena de uma crítica cerrada, ponto por ponto, ao despesismo perdulário do Estado-PS, matéria que configura — e isto é suficientemente grave  a quebra de um acordo tácito para aprovar um PEC que determinou um brutal e obsceno aumento de impostos. Os portugueses são concitados a fazer a sua parte. O Governo Estado-PS não faz a sua.

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