ISABEL, A CRASSA INDIFERENTE


O argumentário pro gay marriage de Isabel Moreira, no Jugular, é uma espécie de arte perecível, sujeita ao sol, ao vento e à chuva. Também se reveste de uma pátina que não resiste ao algodão porque há um tipo de piedade e de comiseração demasiado selectivos para serem levados a sério. É por isso que a resposta terá de ser simplesmente radioactiva. Como esta: «Chegou por isso o momento de recordarmos os dois temas que incomodaram pessoalmente a jurista Isabel Moreira nos seus textos do Jugular: foram eles o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a protecção da privacidade do primeiro-ministro, tão enxovalhada pelas magistraturas. Recordemos também que durante a defesa histriónica dos homossexuais que morrem por amor e choram compulsivamente, ou dos governantes que telefonam à canalha da política e dos negócios, a Isabel Moreira se esqueceu de fingir o seu incómodo pessoal perante os nove velhos que morreram em Lisboa, num período de doze horas, expostos ao frio, à fome e ao abandono. Tal como não a vimos incomodar-se com os 170 mil desempregados que não recebem qualquer subsídio, e que talvez chorem compulsivamente (não será convulsivamente, Isabel?) pelas famílias a seu cargo. Recordemos ainda que nada disso a impede de pontificar sobre a indiferença dos outros, dos que não a acompanham em temas tão caros à alegria do povo e ao futuro do país, nem respeitam a sua retórica miserável aplicada ao sofrimento das minorias.» Luís M. Lorge

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