QUE SERIA DE MIM SEM MÚSICA?

Desde sempre a amei, sempre a busquei. E hoje a consolação que dela me vem não tem limites. Em criança, acompanhava os ensaios do grande orfeão da minha terra, aprendia com o sábio maestro a dura exigência da arte, a excitação do Belo, exemplo de querer o máximo, os desempenhos ultraprofissionais. Sempre me disseram ter eu próprio uma afinação perfeita, uma voz balsâmica; amei desde muito cedo o canto coral, muito cedo saboreei Orff, sensacional música sensualizada, a tradição medieval reconstituída, o canto gregoriano, o melhor da música sacra, Bach, Mozart, Schumann, tudo. Hoje, na minha praia, diante das ondas que cavalgam até à areia afagando grandes pedras, miro as férvidas águas e o sol que nelas rebrilha, ouvindo por vezes até às lágrimas quanto a Antena 2 me dá a escutar e substancia, com o que vejo, o imprevisto poema absoluto do momento, sentido completo do meu mais fundo.

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