OBAMA É PORTUGUÊS
É claro que não há comparação. É claro que a capacidade de regeneração social,
produtiva, cívica, de animação das vidas das pessoas proporcionada pelas lideranças
é incomparável entre Estados Unidos e Portugal e, tal como Kennedy,
um concitar das multidões ao progresso, a metas ambientais e energéticas inovadoras,
a políticas concretas em benefício das pessoas, ao verdadeiro e visível avanço científico,
da firmeza diplomática e da verdadeira internacionalização afectiva
do contexto político interno da vida norte-americana.
lkj
É só por isso que Obama é já maior que o que dele pensemos ou desejemos.
É mais forte que ele e que quaisquer passes de marketing
que já seja uma espécie de reduto de esperança,
não apenas para milhões de norte-americanos,
mas também para milhões de cidadãos planetários de boa vontade.
lkj
Por contraste, os políticos portugueses vão num sentido inverso.
Detestam e desprezam tanto as pessoas concretas, simples e básicas de mais para eles,
para eles sempre psicologicamente com o nariz a escorrer muco,
para eles psicologicamente incapazes de discernir quem as come por lorpas
e as engana nas medidas que os preservam, a si Políticos, de respeitar os nossos bolsos
e de serem honestos e tementes da opinião pública;
pessoas para eles psicologicamente ancoradas ao Partido A ou B ou C e portanto domáveis;
portanto, detestam e desenham tanto as pessoas concretas que minimizam este aspecto fundamental: o da aclamação directa,
a adesão genuína e apaixonada das pessoas aos seus líderes
é algo de fundamental em Democracia, porque intuitivo e certeiro,
com deploráveis excepções bem documentadas.
As monarquias mais saudáveis actualizam permanentemente
essa característica humana e humanizante, corporizada e simbólica
como uma tatuagem ou uma pintura de guerra: a vox é a do populi.
lkj
Toda a gente destesta Sócrates: quando ele procura formatar-se,
colar-se à imagem do Barack Obama-YesWeCan, destesta-o ainda mais. Não funciona.
Como em todas as outras coisas, soa a falso, a um plágio deprimente.
A nossa última esperança estava no chamado populismo menezista-santanista
ultimamente tão verberado como um câncro, evitado como um nosferatum
visto como o pior dos defeitos lobotomizantes dos simplórios portugueses,
de acordo com a intelectualite inflada e a imprensa bem paga
para arrotar opinião e derribar inimigos: Menezes,
que para todos os efeitos portugueses e lisboetas era negro e era mulher,
porque impropriamente do Norte e outsider do sistema de tachos lisboeta,
começou por isso mesmo já náufrago e moribundo.
lkj
Mas a nossa última esperança estava toda no seu populismo barackobamiano.
Calhou-nos o Mutismo ferreira-leiteiro e abafa-se no PSD de inexistência e desagenda.
Foi importantíssimo o verdadeiro populismo aclamativo de Sá Carneiro.
Mesmo o populismo histérico, cego e apaixonado por Cunhal
que ao menos estimulava antagonismos acesos e doentes, foi importante.
Se el-Rei Mário Soares foi aclamado alguma vez foi um precipício e um achaque popular.
kçj
Agora temos bonecos hirtos e inexpressivos, o Presidente,
temos feirantes de microfone pendurado ao pescoço, o Primeiro-Ministro,
temos uma coisa hybrida, mitológica e assustadoramente distante das nossas psiques,
a Manuela Ferreira Leite. Quem é que afinal nos pode galvanizar?!
José Pacheco Pereira? Paulo Portas? De onde virá a lufada de ar fresco barackobamalina
das nossas energias e fé que merecemos? De Francisco Louçã?
Na verdade, está tudo inquinado em Portugal.
O Povo não é para cá chamado na hora de aclamar e se apaixonar pelas ideias de
e pela pessoa e carácter de um líder. O povo é o resíduo tolerável
das elites do Poder e do Dinheiro e daí resulta que votar cada vez mais também o seja,
assim mesmo: residual resíduo para enfraquecimento e desânimo da Ideia Portugal.
kjh
Tristemente, como se pode ver, a credibilidade era afinal um cadável de dias
e um detrito canino na calçada portuguesa de Lisboa. Requiescat in pace.
Nada resulta. Nada dá em nada. Não vale a pena ter o poder amarelo
do José Pacheco Pereira se em nada nos galvaniza.
Donde vimos? Para onde vamos?
lkj
E é por isso, somente por isso, que Obama é português.
Não porque o seja. Somente porque nos inspira um pouco mais lá,
onde esta terra ressequida não tem por onde nem tem por quem.
lkj
Um pouco de humor Edward Regan Murphy e de campanha anti-Obama, para desenfastiar:
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