CONVERGIR NA DIVERGÊNCIA

Na pintura de Richard Westall, A Espada de Dâmocles, (1812) os belos rapazes da anedota de Cícero foram transformados em moças virgens para gosto do patrono neoclássico Thomas Hope.
É uma boa notícia que PSD e CDS, se avançarem para a revisão constitucional para alterar os sistemas de eleição do Parlamento e das câmaras, possam contar com o apoio do PS. Mas perfeito, perfeito, seria que ou Seguro ou Assis ousassem uma crítica retroactiva aos últimos seis anos, uma demarcação clara, qualquer coisa semelhante ao que fez Soares. Se Soares, que é Soares, consegue camaleonicamente inventar-se reinventar-se no discurso, no que vê, não vê e passa a ver, começando de fresco perante o refrescar das lideranças do seu partido, mesmo quando o lixo mais óbvio e a devastação mais obscena abundaram, por que diabo Assis e Seguro serão diferentes?! Mais a mais, agora que o País tem pendendo sobre si a espada de Dâmocles duplamente grega, convinha que tal retrospectiva lançasse suficiente luz e suficiente autocrítica: foi empurrando com a barriga e mentindo muito que o País manteve a sua marcha funérea e abissal rumo a esta espécie de duplicada fragilização. 

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