NÃO É POSSÍVEL FAZER PIOR

Quer Pedro Passos Coelho quer Paulo Portas têm um enorme capital de credibilidade, tomando em linha conta os factos frios e incontornáveis da eleição e os primeiros movimentos de convergência negociada como momentos iniciais de uma tarefa monstruosa que incumbe ao Estado Português. Como é que se faz para manter e reforçar tal capital? Basta acalentar a mais absoluta transparência e adicional capacidade de escutar a sociedade e executar o que se impõe inelutavelmente, com a decência de as palavras corresponderem aos actos. As eleições foram ganhas, como observa Luís M. Jorge, pela «autenticidade de Passos Coelho» que «contrastava bem com o excesso de marketing, mistura de circo, bruxaria e sound-byting, de José Sócrates», autenticidade que já terá contagiado Paulo Portas. Ora que haja a leveza de caracteres normais já é muito bom. O acordo de Governo que um e outro assinaram hoje, pelo qual prometem um Executivo «forte», «estável» e para um mandato «de quatro anos», é também um acordo firmado com o eleitorado, de onde se exclui a vaidade mais vã e a venalidade mais ostensiva. Por mais que este espécime nefelibata espume e grite, os piores vícios terceiro-mundistas sujaram seis anos de falácia e dolo. Agora não se pode falhar, mas também não é possível fazer pior.

Comments

MBO said…
Depois do Governo há que olhar para outras instituições.
Veja-se o caso http://sociedadesupraciliar.blogspot.com/2011/06/cej-o-teste.html

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