MAUTHAUSEN
Quando os livros mataram Deus,
nem assim puderam os homens dar a morte aos homens mais desesperada e completamente.
Sobrevivia a vontade de ser, ficara ainda assim a esperança.
Existir era mais forte, mesmo dando o electrossuicidário passo redentor.
Mauthausen: nunca mais acabarás de reduzir a cinza a abominável opressão em ti havida.
E não mais se calará o grito que em ti ecoa multiplicado e insepulto
depois do crime mais metódico e asqueroso.
Filamento de nada-seda é agora respirarmos,
nós, os obesos da liberdade e do Ainda Aqui,
beneficiários de respiração democrática e tão provisória.
Eles, porém, sofreram o matadouro,
nem assim puderam os homens dar a morte aos homens mais desesperada e completamente.
Sobrevivia a vontade de ser, ficara ainda assim a esperança.
Existir era mais forte, mesmo dando o electrossuicidário passo redentor.
Mauthausen: nunca mais acabarás de reduzir a cinza a abominável opressão em ti havida.
E não mais se calará o grito que em ti ecoa multiplicado e insepulto
depois do crime mais metódico e asqueroso.
Filamento de nada-seda é agora respirarmos,
nós, os obesos da liberdade e do Ainda Aqui,
beneficiários de respiração democrática e tão provisória.
Eles, porém, sofreram o matadouro,
rezes desmanchadas na mais imunda impiedade,
foram processados-coisa,
foram processados-coisa,
infra-coisa,
órgãos,
pele,
cabelo,
recorte tatuado de carnes,
dentes,
cáries em ouro resolvidas,
corpórea pilhagem.
Mas entre diarreias,
o frio, a lama e o lodo, estive Eu Todo,
nessa Mauthausen que não passa.
Estive Eu.
Manso, chorando a cinza,
manso, cheio de além-amor, além-amor que só se pode ter,
que somente pode haver, assim inabalável, assim inquebrável,
quando se suspeita, como quem vê, o Outro Lado.
Meu olhar perdoador provindo do Outro Lado!
Meu Coração batendo passarinho e doce, materno e manso,
cheio de além-amor,
mesmo em face de este completo Inferno,
de este Abismo Negro,
além-amor (ó palavra custosa e pouca, amor!) tão grande
e tão manso, espargindo Sentido a partir do Outro Lado
no lado de cá-dor.
Onde estava Eu quando houve Mauthausen?
Que pergunta tão sem Fé, filhos?
Estava Eu precisamente aqui,
nas mesmas câmaras de gás,
comprimido e sufocado,
na mesma morte retardada e lenta e esquecida, impontual,
sob as mesmas botas, agonizando todos os dias,
em cada amado filho, em cada amada filha.
Não Me entreguei uma vez e inteiramente,
por absoluto e irredutível amor à Criatura Homem,
para depois deixar de o fazer sempre,
partilhando com cada um dos meus filhos as consequências do caos,
quando o aquém-amor se rarefaz mais ainda.
Ó espesso absurdo,
ó dor que ainda dói igual e virgem,
que não podes ser aceite ou compreendida
nem em milhões de séculos,
cadáver indesfeito e inconsumível que nunca cinzifica,
terás somente Porto
na luz absolutamente mansa e feliz do Outro Lado,
verás aí como serei Eu a enxugar todas as lágrimas
verás então de que mansidão impensável,
de que impensável delicadeza,
sou feito e é feito o Céu,
teu Descanso, Matéria Viva
de que te visto de CORPO.
órgãos,
pele,
cabelo,
recorte tatuado de carnes,
dentes,
cáries em ouro resolvidas,
corpórea pilhagem.
Mas entre diarreias,
o frio, a lama e o lodo, estive Eu Todo,
nessa Mauthausen que não passa.
Estive Eu.
Manso, chorando a cinza,
manso, cheio de além-amor, além-amor que só se pode ter,
que somente pode haver, assim inabalável, assim inquebrável,
quando se suspeita, como quem vê, o Outro Lado.
Meu olhar perdoador provindo do Outro Lado!
Meu Coração batendo passarinho e doce, materno e manso,
cheio de além-amor,
mesmo em face de este completo Inferno,
de este Abismo Negro,
além-amor (ó palavra custosa e pouca, amor!) tão grande
e tão manso, espargindo Sentido a partir do Outro Lado
no lado de cá-dor.
Onde estava Eu quando houve Mauthausen?
Que pergunta tão sem Fé, filhos?
Estava Eu precisamente aqui,
nas mesmas câmaras de gás,
comprimido e sufocado,
na mesma morte retardada e lenta e esquecida, impontual,
sob as mesmas botas, agonizando todos os dias,
em cada amado filho, em cada amada filha.
Não Me entreguei uma vez e inteiramente,
por absoluto e irredutível amor à Criatura Homem,
para depois deixar de o fazer sempre,
partilhando com cada um dos meus filhos as consequências do caos,
quando o aquém-amor se rarefaz mais ainda.
Ó espesso absurdo,
ó dor que ainda dói igual e virgem,
que não podes ser aceite ou compreendida
nem em milhões de séculos,
cadáver indesfeito e inconsumível que nunca cinzifica,
terás somente Porto
na luz absolutamente mansa e feliz do Outro Lado,
verás aí como serei Eu a enxugar todas as lágrimas
verás então de que mansidão impensável,
de que impensável delicadeza,
sou feito e é feito o Céu,
teu Descanso, Matéria Viva
de que te visto de CORPO.
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Bundesland: Oberösterreich
Politischer Bezirk: Perg (PE)
Fläche: 14 km²
Koordinaten: Koordinaten: 48° 15' N, 14° 31' O48° 15' N, 14° 31' O
Höhe: 265 m ü. A.
Einwohner: 4926 (31. Dez. 2005)
Bevölkerungsdichte: 352 Einwohner je km²
Postleitzahl: 4310
Mauthausen ist eine Marktgemeinde in Oberösterreich im Bezirk Perg im Mühlviertel mit 4.926 Einwohnern. Der zuständige Gerichtsbezirk ist Mauthausen.
Zwischen 1938 und 1945 lag auf dem Gemeindegebiet das KZ Mauthausen.