A MEDUSA E O ENSINO
O ensino é um desespero!
Tornou-se presídio e presidiário o ensino.
Um espaço de tolhimento e de labirinto.
A juventude vê-lhe sonegado o sol e,
porque não é nórdica, ensaia matar professores (com doses maciças de laxante)
na forma tentada ou
com aquela nacional espécie de permanente greve de zelo pelo estudo
na mesma lógica de que, já que não nos dão sol e liberdade
ou sequer a esperança de que ele haja incidindo sobre o nosso rosto
devido ao ocupacionalismo que nos desgasta e estupidifica de Zero,
quando um professor falta,
faremos de conta que não estamos aqui.
Estes que vêm agora ministeriais não sabem mesmo o que fazem,
cheios de uivos e lama sobre a classe docente,
lançando a suspeição e a vigilância recíproca
entre eternos desiguais dentro da classe docente,
lançando o pânico e a pressão estúpida
de colegas sobre colegas por lanae caprinae de toda a espécie,
todos os dias inventada,
envenenando os ares da tranquilidade interdocente,
minando a atmosfera docente de temores de futuro, às vezes vãos, mas bem reais,
e de inutilidades inúteis,
como o hipercumprimento da alínea z da mais desumana e inútil papelada de merda,
e tudo súmula de modelos extraterrestres a Portugal
ou então uma vontade mefistofélica de foder com a gente,
com os quais, modelos, esperam que frutifique a excelência.
A excelência?
Para isso, o notório futebol não seria a âncora de realização suprema entre os jovens.
Para isso, a beleza e o sucesso notórios
sem freio não seriam a chave da felicidade entre as moças e cada vez mais moços.
Não funciona.
Um primeiro-ministro a quem aconteceu uma licenciatura
como acontece um carro caro ao filho de um pai rico
não haveria de ter qualquer respeito
por esta profissão pedreira e egipcianamente piramidal que é hoje ser professor em Portugal.
Quanto à Vaca Merdusa, parece e é bovina,
além de merdusa.
Não fosse um rebanho de professores sadomasoquistas,
que adoram a Besta da Ministra,
cheios de erros ortográficos e incertezas científicas,
cheios de culpabilidade profissional
por não saberem organizar uma frase que soe a frase em Língua Portuguesa,
que só sossegam se lhes prometerem coça, vigilância,
inspecções e o diabo-a-quatro,
e talvez isto virasse.
Assim, é o caralho,
porque, para levar o pão aos filhos, se os mandassem limpar cagadeiras entre aulas
como exemplo da multifuncionalidade e flexibilidade da acção pedagógica e tal treta-de-despacho,
até iam!
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