PENSAMENTO COR CARNE D'ÁRVORE


Amanhece.
Ante a frescura laranja que cá fora se bebe,
dispara toda uma nuvem de cânticos aviários
- tumulto sôfrego de melros vivos
e pardais e piscos e rolas e pombas e andorinhas,
toda esta galáxia que toco
de bicos com penas
gritando muito o magnífico desemprego da vida.
Tenho de fechar os olhos: vejo melhor agora.
Foco escuramente em rajada de olhares
e vejo verde.
Esplende-me por dentro
a carnação casca, fibrosa,
de seiva doce,
odoriferam as árvores por dentro de mim
deitadas de mundo.

Comments

Unknown said…
A sagração da Primavera em prosa poética !
«Esplende-me por dentro a carnação casca, fibrosa, de seiva doce, odoriferam as árvores dentro de mim deitadas de mundo»
Quase palpável...

http://pirat-downunder.blogspot.com/
Maria said…
Joshua!
O teu bolg é fantástico!


Vou seguindo as tuas palavras e imagens - eloquentes, lúcidas: humor; crítica mordaz na hora/sítio certo ("eles" merecem cair de sopetão numa tribo de canibais, para que saibam como é ser-se devorado).
Os teus poemas, irrompem como flores inesperadas...
Fico feliz por conhecer-te!

Um abraço grande e grato,
Maria

P.S. - gostaria de colocar o link do teu blog (que está abandonado, porque raramente tenho tempo para ele: mea culpa!)

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