SONSO, PIROSO E PGR

Temos a sorte de ainda sobreviver um ou outro investigador jornalístico para que o balde de detritos, que na verdade consiste na obstaculização permanente do trabalho dos procuradores, fique esclarecido. A pirosa sonsice que mora no topo da hierarquia está à vista e na base do síndrome de inconclusividade permanente dos processos. Está associada ao arquivamento permanente dos processos e aos inquéritos de encher, retaliar e punir o mensageiro. Está relacionada com a apressada, trapalhona e objectivamente ilegal destruição de certidões e de escutas. A rainha tem todos os poderes, mas é sonsa. O PGR deve comportar-se como o grande tampão das trapalhadas do PM, das suas fugas em frente? Aparentemente, sim. E não serve aliás para mais nada. Afinal, três semanas depois de terem recebido, a 21 de Junho, o relatório final da Polícia Judiciária (PJ), com quinhentas e trinta e cinco páginas, e quando ainda aguardavam resposta a quatro cartas rogatórias dirigidas a autoridades estrangeiras, os procuradores pediram para ouvir Sócrates e Silva Pereira e não lhes foram criadas condições para que isso acontecesse. O documento que está nos autos não está assinado, é uma cópia, nem lá estão os questionários e os anexos referidos no texto. Ausente está também o despacho, se é que houve algum, da directora do DCIAP relativamente ao pedido de audição de José Sócrates e Pedro Silva Pereira. A inviabilização destas inquirições, por ausência de despacho favorável da directora e por esgotamento do prazo "definitivo" fixado aos investigadores, terá sido a razão da controversa inclusão, no despacho final, pelos dois titulares do inquérito, das vinte e sete perguntas que queriam fazer a José Sócrates e das dez destinadas a Pedro Silva Pereira.

Comments

Anonymous said…
O problema do Freeport não é a circunstância de não ter havido tempo de fazer perguntas ao PM. Isso é o menos. O que conta é a dificuldade real, concreta, agora denunciada pelo sindicato do MP, em se fazer uma investigação completa, com vista ao esclarecimento da verdade material do caso. Tal investigação poderia implicar a inquirição/ interrogatório do PM... ou não. Mas antes disso, seria indispensável esclarecer a matéria essencial que as perguntas da listinha revelam. E essas dificuldades em esclarecer essa matéria, constam do despacho e quem o souber ler, percebe muito bem o teor do comunicado do SMPP: pressão exercida pela hierarquia do MP sobre os investigadores. Pressão muito pior do que a eventualmente aplicada pelo bode expiatório Lopes da Mota. Sobre este assunto fulcral, essencial para a compreensão do problema real e que está no olho deste furacão judiciário, ASL nada diz, preferindo alinhar no coro dos agravados ao primeiro-ministro, coitado, vilmente vilipendiado por um despacho final "indefensável".

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