CALMA QUE HÁ FUTRE E OTELO

Brotam sem parar uns velhos tipos conhecidos a animar-nos com loucura e paradoxo. Descobrem a pólvora do inaudito ou pela espontaneidade mais tonta ou pelo asco à podridão do regime! Numa semana, a Providência ressuscita-nos Futre para elevar a nossa capacidade de rir e fazer de qualquer facto ridículo um triunfo. Na outra, dá-nos Otelo, emaranhado no hamletiano ser ou não ser, mas mais inclinado para o não ser desta bosta regimental deplorável: talvez não tivesse valido a pena o mole e pachorrento Reviralho em 74, dado o fosso social e a miséria que alastra hoje. É como ele diz, (porque só nos restam as cinzas da Contumaz Mentira-Pornográfica Fraude Socialista-Socratista) «falta-nos um tipo com honestidade, generosidade, com espírito de missão como Salazar», tirando o fascismo. Maior avanço é que o mesmo Otelo questione sinceramente a validade da revolução aprilina tendo em conta, presumo, as três bancarrotas pela mão dos socialistas e sobretudo esta terceira como humilhante e devastador momento político-económico. Merece o nosso estupor velarmos, portanto, o cadáver mal intencionado da década de setenta. Era urgente outra coisa mais perfeita e mais cortante, claro. Seja como for, trinta e sete anos a ziguezaguear, Otelo diverte-nos como Futre, quando sobram xéus e vendidos e outrora gloriosos mediáticos transitam ao estatuto de mediocridades incognoscíveis. Pela condescendência com Sócrates, Santana desiludePacheco desiludeEanes desiludeCavaco desilude. Por razões mais complexas de imbricado psiquismo partidário e orgulho, Capucho desilude [tanta desculpa epistolar e uma só coisa era necessária!]. O Povo desilude!

Comments

floribundus said…
o maluco parecia lúcido até exclamar
«saiba Vossa Magestade que também sei cantar de galo ... cócorócócó»

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