COM FIXADORES NOS CORNOS

Amizade que é amizade
segue libertadora e incondicional.
Talvez tenha sido assim algures,
mas deves ter-te fartado do meu andamento habitual,
disto de eu ser igual a mim mesmo, como certos futebolistas.
Os teus ciúmes intelectuais,
o teu olhar gordo e comparativo,
a tua vertigem analista da quantidade das minhas espadas-posts e punhais-comentários,
o teu convite que afinal amarrava e queria a minha votiva dedicação cega
o teu zelo e vigilância de deus ubíquo da bloga,
a tua inveja sublimada ou não sublimada,
a tua incomodidade com os meus interesses e preferências,
a tua obsessão em ter classe
a tua obsessão na gestão banaleira do politicamente correcto,
as tuas regras de aço temperado,
o teu amor próprio,
a tua gripe mental,
a pressão porque cantasse a tua música e dançasse a tua dança,
o teu pretexto tipo comité-central para me degolares sem apelo nem agravo, 
bastou a menor dissidência de opinião e a queixa pela divergência de intensidade
tudo isso deixou-me com fixadores nos cornos.
Deves saber muito bem o que é tal coisa!
Amizade que é amizade segue incondicional e libertadora.
A tua afinal era uma gaiola. 
Dentro, colocaste este pássaro ferido e ingrato,
demasiado livre para a tua camioneta.

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