O LIMBO DO MORNO MONO PACHECO
José Pacheco Pereira odeia os blogues e os bloggers que não o dele e que não ele e por isso arremete contra eles às cegas ou à ceguinho seja eu. Odeia especialmente aqueles lhe não perdoam incoerências, inconsequências ou mesquinharias, apontando-lhas. Um intelectual pode ser pernicioso a uma sociedade amordaçada quando também ele contribui para a nivelação na mediocridade das nossas opções políticas, perseguindo com cinismo um mal infinitamente menor que o mal absoluto predominante. Frases como «não há alternativa», «são todos iguais», «são todos medíocres» induzem na sociedade uma anestesia ainda maior que possibilita folga à malícia e ao dano prolongado dos que tiranizam objectivamente o País e Pacheco, o deputado-historiador-protoblogger sabe bem quem são e por isso fica-lhe mal nivelar o PSD de Passos ao PS abominável de Sócrates. Por que motivo tem então colaborado nessa anestesia? Por que o incomoda o suposto radicalismo político que se solta sempre que ele faz de cão que toca no Corão, isto é, quando respalda o socratismo e investe contra o esboço Passos, o que dá «origem a uma selva de insultos, juras, fúrias, processos de intenção a propósito de... muito pouco ou nada. Nos blogues, na maioria dos blogues políticos, este é o estilo do dia: longas polémicas com fortes palavras sobre qualquer coisa que seja parecida com o focinho do cão a tocar num livro sagrado, prefigurando quase sempre o partido ou o lado em que está arregimentado o taliban de serviço.» Hoje, coisa bem mais simples, Pacheco não tem lado. Não tem trincheira. Não se insurge nem se indigna com a Malícia que nos trouxe aqui. Poderia simplesmente admitir que o seu papel de corrosivo detractor do mais recente líder do PSD obsta ao urgente separar das águas que deveriam ser separadas e serve, tal como Marinho e Pinto, Júdice e tantos outros, os desígnios maquiavélicos de uma corja que esgana Portugal e o sodomiza quer pelo dolo quer pela incompetência quer pela indústria da mentira. Mas não. Se Pacheco sabe que «os blogues estão colocados num contínuo em que jornalistas, políticos, gente da publicidade, do marketing e das agências de comunicação interagem entre si.» deveria saber quem está no topo da pirâmide desse ecossistema e de que modo exorbita um controlo mediático tal ao ponto de manipular os dados da realidade, fantasiando-a e servindo-a mutilada e falsificada ao eleitorado néscio, mas também sistematicamente perseguindo e destruindo ideias e adversários. Nós, bloggers "menores" e agentes de uma acção "menor", não temos culpa que Pacheco prefira o limbo e se neutralize perante o que deveria ser o único alvo a abater: a falsária farsa socratista que não tem propriamente annus horribilis, mas os fabrica laboriosamente. Prefere fazer de morto, ficar morno, insultar e rebaixar blogues e bloggers que o estão a ver perfeitamente, colocar-se acima de tudo e de todos num voo de águia que não se contamina com o que aquilinamente observa e desconstrói. Isso é fácil e roça a cobardia perante as exigências combativas desta Hora. Por alguma razão, conforme está escrito, aos mornos Deus os vomitará. Vox populi, vox Dei.
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