SEXO: POSIÇÃO FACE-FACE

«Tem havido grandes discussões sobre este último ponto. É uma ideia antiga que a posição face-face é biologicamente natural na nossa espécie, e que as restantes posições devem considerar-se como variantes mais ou menos degradadas. Recentemente, a ideia tem sido rebatida por grandes sumidades, que dizem que no nosso caso não existe uma posição básica. Pensam eles que qualquer posição do corpo pode servir para a nossa actividade sexual e que, pelo facto de sermos uma espécie inventiva, é natural que experimentemos todas as posições que nos apeteçam ― quanto mais, melhor, porque, na verdade, assim se aumentarão a complexidade do acto sexual e as novidades sexuais e se permitirá evitar o tédio em casais constituídos de longa data. Este argumento é perfeitamente válido no contexto em que o apresentam, mas vai talvez longe de mais. Os defensores desta opinião insurgem-se sobretudo contra a ideia de que todas as variantes da postura básica são «pecaminosas». Para combater esta noção, as referidas sumidades salientaram a importância dessas variantes, o que está muito certo, pelas razões indicadas. Todo o aumento das compensações sexuais é evidentemente importante para os membros de um casal constituído, reforçando a ligação. Isto é biologicamente sensato para a nossa espécie. Mas, no decurso desta discussão, as sumidades desprezaram um facto que é, no entanto, básico: a posição sexual natural da nossa espécie é a posição face-face. Praticamente, todos os atractivos sexuais e as zonas erotogéneas se situam na frente do corpo ― as expressões faciais, os lábios, a barba, os mamilos, as auréolas, as mamas da fêmea, o pêlo púbico, os próprios órgãos genitais, as principais zonas de rubor. Poderia dizer-se que muitos destes atractivos actuariam perfeitamente nas primeiras fases, em que se mantém a posição face-face, mas que na cópula propriamente dita, com ambos os comparsas completamente excitados, o macho poderia muito bem colocar-se por detrás da fêmea e empreender a cópula nessa posição ou, para o caso, em qualquer outra posição que lhe apetecesse. Isto é completamente verdade e possível, como meio de inovação, mas implica certas desvantagens. Para começar, a identidade do comparsa sexual é muito mais importante para uma espécie como a nossa, em que existe acasalamento. A posição frontal permite que os atractivos sexuais e as recompensas se mantenham intimamente ligados com os sinais de identificação do comparsa. O sexo executado em face-face é um «sexo personalizado». Além disso, a estimulação táctil pré-copulatória das zonas erotogéneas frontais pode prolongar-se mesmo durante a cópula, quando esta se realiza face-face. Muitas destas estimulações são impossíveis noutras posições. A posição frontal também conduz à estimulação máxima do clítoris da fêmea durante os movimentos pélvicos do macho. É certo que tal estimulação é passiva, devida aos movimentos do macho, independentemente da posição do corpo deste em relação ao da fêmea, mas na cópula face-face existe ainda a pressão rítmica directa exercida pela região púbica do macho sobre a região do clítoris, que será assim muito mais estimulada. Finalmente, existe a anatomia do tubo vaginal da fêmea, cujo ângulo se desviou marcadamente para a frente, em comparação com os restantes primatas. Este desvio é nitidamente superior ao que seria de esperar como simples resultado da passagem da espécie à postura vertical. Se fosse importante que a fêmea da nossa espécie oferecesse a sua região genital ao macho pelo lado traseiro, a selecção natural teria sem dúvida facilitado esta tendência e as fêmeas teriam hoje um tubo vaginal muito mais dirigido para trás.» Desmond MorrisO Macaco Nu3.ª ed. 1967

Comments

floribundus said…
a pitta tem posição própria.
o pior é o cheiro a etar
Miguel Rocha said…
mas face-face com macho em cima ou em baixo??
JFrade said…
Mas que raio de conversa é esta? Tive que ir ver se não estava no blogue errado. Isto até parece um texto de uma tal Margarida Rebelo Pinto, logo completamente deslocado no espaço e no tempo, que é tempo de preocupações maiores.
Já agora, que aqui estou, deixo esta achega: se acreditarmos na Teoria da Evolução vejamos como copulam os macacos e tiremos as devidas conclusões; se acreditamos em Adão e Eva já a discussão se justifica.
JFrade

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