BRASIL, PARAÍSO INÓSPITO PARA SEM-ABRIGO
Choca que, no Brasil, a cada dois dias, em média, um morador de rua, que em Portugal chamamos de sem-abrigo, seja assassinado: a vida económica não poderia ser mais florescente neste momento, mas a questão da segurança continua absolutamente desprestigiante e o desprezo pela vida humana ultrajante: «É um extermínio. Um processo de higienização das cidades, de limpeza humana mesmo. Muitas dessas pessoas foram mortas enquanto dormiam — denuncia o coordenador do movimento, Anderson Miranda». No Brasil, a maioria dessas mortes é causada por tiros ou pauladas, segundo o relatório do Movimento Nacional da População de Rua, entregue na quinta-feira à presidente Dilma Rousseff, que apoda esta situação de "limpeza humana". Teme-se que, perante a proximidade da Copa do Mundo de 2014, essas populações vulneráveis sejam ainda mais atingidas e mesmo tal população de rua cresça em razão desse evento: «Vinte e uma vilas e favelas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e Recife foram desocupadas, em razão de obras para o Campeonato do Mundo de Futebol». Tatiana Farah, O Globo
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