OS QUE OLHAM PARA 2011 COMO A MULHER DE LOT
Podemos e devemos constatar que de 2005 a 2011 a Governação implementou um despesismo literal e infrene ao ponto de chegarmos a um estado em que o Estado arriscou «não haver dinheiro para pagar salários e pensões». A rejeição do PEC IV não foi só a rejeição do PEC IV, mas a rejeição do descontrolo óbvio do défice e o cansaço devido à espessura de Mentira e Trapaça concentradas e concêntricas à figura desastrosa do Primadonna.
O pedido de ajuda externa tardou e fez-se retardar artificialmente ainda mais, pelo que o Memorando de Entendimento com a Troyka não passou do culminar de um trajecto desvairado em virtude do qual cumpria-se finalmente o acto de libertação por excelência: eleições antecipadas para uma mudança de Governo.
A rejeição do PEC IV foi uma moção contra o aumento dos impostos sem consequências práticas na inversão do défice, cujo abismo monstruoso permanecia e se alargava, perante a impotência total e o imobilismo ainda mais completo do Duo Politizador de Tudo Teixeira dos Santos/Primadonna. A austeridade que temos voltou-se contra as gorduras do Estado, mas também contra as pessoas, é justo reconhecer: ir além da Troyka não é uma moção sádica exercida contra as pessoas por um Governo ainda mais sádico. Corresponde, antes, ao desejo nutrido por este Governo de alcançar metas de desempenho de forma bem mais célere a fim de se evitar o arrastamento de um processo incontornável. Assim como nunca se ouvia uma palavra que fosse relativamente à dívida pública no Governo Primadonnesco, e ela foi cavada tresloucadamente, não vejo o Governo Passos mais obcecado pela austeridade senão como qualquer cidadão por contas enxutas, empresas públicas saneadas, verdade contabilística e pleno e absoluto escrutínio da Despesa Pública. A retórica maligna dos órfãos do socratismo cavalga outras versões e consegue que quase nada nem ninguém aponte culpas e responsabilidades pela gestão danosa das contas públicas ao socratismo. 2011 está dividido em duas metades. A primeira em que Portugal tinha um Governo Incompetente, Incapaz e Desastroso, muito mais apostado no culto norte-coreano da personalidade do seu efeminado líder viril, em esquemas de controlo mediático hegemónico, do que na verdade e na responsabilidade. A segunda, em que o País passou a ter no Governo um discurso radicalmente honesto, onde, mesmo com a rasura de promessas eleitorais, se preserva a ideia de que tudo será feito para reerguer Portugal em bases mais sólidas e verdadeiras, fugindo da lógica de derrapagem num PIB decadente e uma vertiginosa taxa anual de endividamento. No fim, importa que deixemos os socratistas — tralha de ávidos, lixo de sôfregos duplipensantes, fina flor de neomaquiavélicos —, a olhar para trás como a mulher de Lot. Temos de seguir em frente.
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