NADA DESCULPA O DESVARIO SOCRATISTA

Não acredito na culpa do vendedor, embora possa recorrer a processos abusivos e a um cerco sufocante sobre o seu público-alvo. A culpa, na esmagadora maior parte, é do comprador por ter sido estulto, superficial ou mal informado. O Estado Português esteve na mão de políticos pulgões insaciáveis. Quem vê as PPP lavradas durante o consulado nefasto socratino, percebe o zelo e amor que os negociadores nutrem pelo erário. Nenhum!: «A última cimeira europeia foi um desastre. Tanto o Reino Unido como a Alemanha jogaram o jogo errado: o primeiro-ministro britânico David Cameron isolou o Reino Unido da Europa, enquanto a chanceler alemã Angela Merkel isolou a Zona Euro da realidade. Se Cameron tivesse levado à cimeira uma agenda para o crescimento económico, poderia ter-se batido por algo real e não lhe teriam faltado aliados. Pelo contrário, aceitou a agenda de austeridade de Merkel – que o seu governo está a implementar de forma independente – e escolheu vetar a proposta de um novo tratado europeu para proteger o centro financeiro de Londres. Esta decisão agradou aos eurocépticos do Partido Conservador de Cameron, mas não ofereceu nada para contrariar a medicina letal prescrita pela dama de ferro alemã. O acordo alcançado em Bruxelas exclui qualquer possibilidade de uma gestão keynesiana da procura para combater a recessão. Os défices orçamentais “estruturais” estarão limitados a 0,5% do PIB, com sanções (ainda não conhecidas) para os infractores. Esta é a cura errada para a crise da Zona Euro. A doutrina Merkel parte do princípio que a crise resulta da irresponsabilidade dos governos e, assim, apenas uma regra “dura” sobre o orçamento pode evitar que estas crises voltem a acontecer. Mas a análise de Merkel está totalmente errada. Não foram os défices excessivos que provocaram o colapso económico de 2007 e 2008, mas sim a excessiva concessão de créditos por parte do sector bancário. O aumento das dívidas públicas foram uma consequência da recessão económica e não a sua causa. O que deveria ter sido integrado na estrutura institucional da União Europeia era uma regulação financeira mais dura e não uma austeridade orçamental permanente. E tem havido poucos sinais no sentido de endurecer a regulação financeira.» Robert Skidelsky,  O Euro numa zona cada vez mais pequena

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