DA SUBLIME CORNADURA INTELECTUAL DO ADÃO
Tinha de ser. Tínhamos de apanhar com o triste órfão Adão e Silva, que é a tragédia da opinião e da análise política, demasiado viciada para se suportar sem náusea, na tarefa hercúlea de, não apenas avaliar e absolver o passado político-económico pré-Governo Passos, mas de isentar-se a si mesmo, enquanto opinador, das suas conivências venais e responsabilidades de cheerleader do socratismo que conduziu o Estado à inevitabilidade de extorquir os contribuintes para cumprir as metas acordadas e lisonjear a nossa seriedade internacional, tendo em conta um défice real de 10%, uma divida pública a rondar os 120% do PIB. Adão, lamentavelmente, faz parte do lixo nacional dos opinion makers, fazedores de programas eleitorais. Na SICN, consegue ser isento e lúcido como um flexível prego falante. Para Adão, não senhor, «o essencial dos problemas que enfrentamos não é nem culpa de Sócrates nem resulta de termos vivido acima das nossas possibilidades». Se Adão o diz, ele que fez parte da claque socratista com toda a testosterona soarista e o empenho facciosos de que foi capaz, temos de duvidar com as vísceras e todo o ser, porque a cegueira do Adão pode muito e não disfarça mesmo nada. Se há dois chatos nas TV e na Opinião, sempre a melgar umas merdas que não têm a ver com nada, é mesmo o Adão e o Pedro Marques Lopes, outra nódoa. Mas Adão não é o único a absolver o passado socratista. Longe disso. Não. Porém, lá vai argumentando flacidamente: «Enquanto o tempo se encarregará de afastar estas explicações, a crise continuará por cá, mostrando a sua natureza persistente e fazendo emergir o emaranhado de causas que a provocou.» Ah, pois. Não foi Sócrates nem foi a dívida. Foi um "emaranhado de coisas". Parece que o Adão captou o espírito da Justiça Selectiva para Homens que tenham abichado milhões, essa Justiça feita à medida de Vara, Isaltino e Sócrates. Arrasta-se e no fim dá «um emaranhado de coisas» sem consequências de maior a não ser o preço. Adão sente dificuldades em passar uma esponja convincente no socialismo dos últimos quinze anos. Estava tudo a correr tão bem: «Para o ano, o Governo já não poderá responsabilizar Sócrates pelo desvio colossal que ocorrerá na receita fiscal (provocado por uma queda do produto superior aos 3% agora estimados)...» Mas não poderá responsabilizar porquê? Porque a memória colectiva e governamental tem um período de validade como os iogurtes, Adão?! «...dificilmente alguém será capaz de, perante um país empobrecido e com desemprego muito elevado, enveredar por um discurso de responsabilização moral, em que se procura culpabilizar os portugueses pela situação em que se encontram. O Governo ficará entregue à sua soberba.» E pronto, nessa altura o Messias dos pobres, Sócrates, poderá regressar para culminar a sua obra. Os socratistas, especialmente jovens imberbes e inseguros de si como Adão iniciados num ganha-pão feito de lealdades caninas e prémios de produtividade, tornaram-se milenaristas e catastrofistas e eis que o kafkiano socratismo pariu opinadores e analistas políticos kafkianos. Sem Sócrates é o fim do mundo e também do Estado Social e é o tsunami final, o miserabilismo nacional inescapável, tal como fora para outros qualquer coisa de semelhante, sem Hitler, sem Salazar, sem Kim Jong-il, sem Lenine.
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agachou-se, deixou-se montar e não conseguiu arranjar qualquer tacho chorudo. porra! até o lacão o ultrapassou.