CENAS DE UM PAÍS MORALMENTE COMATOSO


Foi você que pediu um Projecto?
E uma Assinatura de Favor?
E uma fugazinha ao Fisco?
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Não me limitarei a postar aqui o link de um diagnóstico perfeito do Nosso Problema
por parte de José Pacheco Pereira.
Sinto-me mesmo impelido à sua transcrição integral.
Depois, chamem a isto 'perseguição' e 'campanha',
chamem ao Desejo de Verdade 'coisa pestífera'.
O subdesenvolvimento do País, e respectiva putrefacção moral,
a todos os níveis agradece:
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I. COISAS DA SÁBADO: A ENCOMENDA QUE ME FEZ BELMIRO DE AZEVEDO
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«Escrevo estas linhas [sobre as aventuras de Sócrates projectista]
porque Belmiro de Azevedo me pediu,
ou, Belmiro de Azevedo pediu a José Manuel Fernandes
que me pediu para escrever estas linhas.
lkj
Como a SONAE perdeu a OPA sobre a PT,
o desejo de vingança do “grupo” é enorme e é para isso que existe o Público e o Cerejo,
o “novo pide”, para vilipendiar o pobre do proto-engenheiro Sócrates que,
há vinte anos, fazia uns projectos para uns amigos que,
por coincidência, não os podiam assinar, graciosamente é claro,
sem qualquer da burocracia que faria as Finanças hoje grelhar um cidadão nas sinistras suspeitas de fugir ao fisco.
lkj
Ou pior, como escrevo no Público, escrevo estas linhas
para agradar a Belmiro de Azevedo ou a José Manuel Fernandes
que não as pediram, mas vão ficar agradados por eu as ter escrito
e alguma recompensa me hão-de dar.
lkj
Ou pior ainda, escrevo estas linhas para que o senhor Primeiro-ministro
e o seu gabinete saibam que a “a mim ninguém me cala” e por isso,
como fizeram com Manuel Alegre, me dêem a cabeça de um ministro
numa bandeja para me amansar. Eu digo já qual é o ministro...
lkj
Ou pior do pior, mãe de todos os piores,
escrevo estas linhas para tramar a tríade Menezes – Lopes – Ribau
que a última coisa que querem é que Cerejo olhe para eles
com o mesmo olhar com que olha para as casas elegantes
que enxameiam a Guarda com assinatura de José Sócrates.
lkj
Ou pior ainda, o absoluto pior, o pior que encerra o puro mal,
porque no meu ignoto canto, mergulhado na raiva pura,
no monstro verde, na bílis do mais total ressentimento,
invejo o sucesso brilhante do engenheiro Sócrates
como desenhador e projectista, um homem que faz,
que tem obra feita no distrito da Guarda,
enquanto eu não durmo à noite porque apenas pertenço àquela confraria inútil
que só escreve livros e artigos, mergulhada na sua própria peçonha.
lkj
Deve haver coisas ainda muito piores,
mas a minha imaginação não chega lá.»
lkj
II COISAS DA SÁBADO: A DOENÇA
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«Há dois factores em presença no tratamento noticioso da questão Sócrates II
(a I foi o diploma): o primeiro, é um julgamento sobre a oportunidade
e o valor jornalístico da notícia do Público;
o segundo, é a sua incomodidade para o Primeiro-ministro
e as estratégias de spin para a contrariar.
lkj
Quanto ao primeiro, só gostava que me dissessem com clareza
se jornais como o New York Times, o Times,
ou o Le Monde (tenho mais dúvidas sobre este último)
tivessem uma investigação como esta, sobre Bush, Gordon Brown ou Sarkozy,
não a publicavam e isso não era entendido como um “furo” jornalístico?
É tão óbvia a resposta que nem vale a pena perder muito tempo aqui.
lkj
Insisto, o escrutínio rigoroso do currículo público de um Primeiro-ministro,
que já era político no activo há “vinte anos”, como insiste Sócrates
para minimizar os factos, é uma prática jornalística não só aceitável como exigível.
E há factos, declarações, documentos, realidades, que a sustentam
e talvez seja por isso que o Primeiro-ministro até agora não processou o Público,
nem o jornalista, como fez com o elo mais fraco no caso do título académico,
o autor do blogue Portugal Profundo,
aliás sem sucesso.
lkj
O segundo factor é onde está a doença,
e essa doença é muito preocupante,
é a capacidade que tem o poder de, nos casos em que realmente dói,
exercer uma pressão eficaz, não escrita, que não está nos telefonemas,
está no próprio poder e nas suas teias implícitas e explícitas,
sobre a comunicação social.
lkj
Desconto já aqui, a dificuldade da comunicação social reconhecer o mérito alheio,
neste caso do Público e dos seus jornalistas,
num meio onde há muita fome e todos ralham.
lkj
Desconto também as afinidades políticas que levam muitos jornalistas
a proteger um governo PS. Agora, que a RTP tivesse começado a sua notícia, convenientemente remetida para os fundos do telejornal,
com as palavras “a nova ofensiva do jornal Público contra o PM ...” já é a doença.
lkj
Que, no dia seguinte, o Jornal de Notícias tivesse uma pequena notícia
num canto de página em que se diz “Sócrates diz-se alvo de “ataque pessoal”,
já é a doença.
lkj
Embora o Diário de Notícias e o Correio da Manhã fossem salomónicos
entre o conteúdo da notícia do Público e o spin do Primeiro-ministro,
pelo menos sempre se distanciavam da pura conspiração,
com mérito do Correio da Manhã que entrevistava o jornalista
acusado pelo Primeiro-ministro, acrescentando pormenores da investigação.
lkj
Já percebo menos por que razão a notícia foi para a secção dos media
e não a da política... Mas, a atitude geral foi isolar o Público, como se fosse pestífero.
É essa a doença.
lkj
Na verdade, havia duas linhas para tratar o assunto no dia seguinte,
ou se desenvolvia a matéria da notícia (as assinaturas, os projectos de casas, as circunstâncias, a exclusividade) ou o contra-ataque de Sócrates
que queria colocar o Público no centro da notícia e não as casas da Guarda.
lkj
Para mim a doença está no facto de a maioria da comunicação social seguir Sócrates
e fazer de conta que não há uma notícia do Público de interesse público.»
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José Pacheco Pereira

Comments

Tiago R Cardoso said…
vais me desculpar Joshua, eu sei que desculpas, mas prefiro não comentar o senhor Pacheco Pereira, faz-me azia, dado que o meu estômago está outra vez a atacar-me, raios para isto,prefiro desejar-te a continuação de um bom fim de semana.

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