DA EXCELÊNCIA DO «COMBUSTÕES»


Metam na cabeça isto: Portugal é visto de cima e é visto como supérfluo
pelos nossos irmãos europeus.
Qual respeito pela nossa soberania qual quê,
se nos vêem como contingência e acidente geopolítico?
Bem, mais uma vez, o Miguel,
ao tomar o pulso a esse olhar desprezivo ou cobiçoso
da nossa existência independente, estável e historicamente afirmada,
e ao tomá-lo ali directamente das psiques deformistas
de esses trágicos europeus de imperialismo e nacionalismo só sublimado.
lkj
Nesta perspectiva, os Nacionais que nos lideram,
quaisquer que nos liderem, têm mesmo de ser como serpentes
e agir com subreptícia prudência para que nos afirmemos, a bem ou a mal,
num panorama europeu tacitamente hostil assim
e nos sobreviabilizemos e aprendamos a inchar de Orgulho por nós mesmos:
lkj
NOITE ALUCINANTE ENTRE ALUCINADOS
LKJ
«Jantar com uns patetas diplomados (e diplomatas)
prestando serviço nas embaixadas da Europa das manias gastas e arrogâncias velhas.
kjk
Um cretino castelhano repetindo minuto-sim, minuto-não,
a esfadíssima tese do "se estivessemos juntos, Portugueses e Espanhóis,
teríamos outro peso na arena internacional";
lkj
uma italiana coberta de pechisbeque discreteando sobre as grandezas de Roma,
mas dirigindo-se-me sempre em inglês;
lkj
um francês tresandando a perfume e bedum
lembrando-me la francofilie dos portugueses,
até aquela que lhe manifesta a sua porteira de Paris, "qui est du Portugal".
lkj
Ou seja, para os espanhóis Portugal não devia existir,
para os italianos somos a Última Flor do Lácio,
mas a língua de Catão e Cícero deve ser substituída pela língua franca da CNBC
e para os franceses somos - que honra - uns bons criados.
lkj
Não sei o que querem da Europa,
mas naquela gente paga a peso de ouro para as frivolidades da diplomacia de pastel
e espumante não vejo outro futuro que o de uma tumba com o epitáfio
"aqui repousam os ossos frios de uma civilização
que não conseguiu ultrapassar velhos demónios que a estilhaçaram em tiras".
lkj
Olhando para o pequeno coro de imitadores e aprendizes de Metternicht,
não me ocorreu outro nome que o do locatário de Berchtesgaden,
que tinha o mesmíssimo conceito da finalidade da diplomacia:
anexar, impor e fazer escravos.»
lçk
Miguel Castelo-Branco, Combustões

Comments

Luís Galego said…
desculpa ter dado pouca atenção ao texto, mas a foto, enfim...a ler com maior atenção...um abraço
Pata Negra said…
A foto, pois a foto!
Mas ele Miguel Castelo Branco é aquele?...
Quem diria! O Miguel baixa mas também sobe!
Um abraço do palácio

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