RELIGIODESINTOX, À BLASTINGBLONDE


Viver em Comunidade foi uma fonte de júbilo,
mas também de enorme sofrimento para mim
desde o princípio, quando pelo meu próprio e voluntário pé nela entrei.
Entro facilmente em conflito com todo e qualquer discurso de exclusão
e odeio respeitos humanos e humanas subserviências.
klçj
Há, nesse particular, Padres Letais
e quando escrevi os meus posts (dois) Padre Miura I e Padre Miura II,
falei de de muitas de essas dores precisamente deles derivadas.
Eu tive uma experiência espiritual muito intensa
apenas com seis e depois com catorze anos de idade.
Encontrei ou passou-se comigo a Voz-Brisa de Deus
soando imparável no meu coração, sufocando-me de êxtases, de visões, de inspirações.
Eu, na altura, um obsecado com a Perfeição no Karaté,
um ginasta dedicadíssimo, ouvi um dia uma Voz Dulcíssima
e um Caminho se me abriu para, por e em Cristo.
lkj
Sempre fui um solitário na infância, mas nunca um alterofobo.
Achava-me melhor e melhor comportado que os demais.
Auto-excluía-me da convivência com superfíciais e ignorantes.
À falta de amigos, tive livros, dezenas deles.
Revistas de cultura geral e enciclopédias, centenas delas,
lidas em manhãs, tardes, noites e madrugadas.
Li evidentemente todo o Evangelho ainda muito novo, com 10 anos,
na minha varanda sob um sol de um Junho Ardente que todo me desidratava.
Mas, com catorze anos, alguma coisa se passou comigo de muito Radioso e Intenso
aí pelo mês de Janeiro de esse ano de 1984,
no meu isolamento sossegado aquando de uma leitura muito especial.
klj
Apaixonei-me redobradamente pelo Cristo Vivo.
Daí até aos 36 anos, 'militei', fui 'activista-proselitista' na Igreja,
animei a juventude, fiz catequese, cantei, toquei viola, emocionei,
discursei, sofri, padeci, magoei-me do hetero-humano, conflituei,
conheci imensa gente que formei e vi crescer,
gente de quem me embebi todo na minha Comunidade com muita amizade
e ambiguidade afectiva, coisa oscilante e imprevisível.
lkj
Romper temporariamente com essa dimensão foi,
e está a ser, manifestamente importantíssimo para mim.
Precisamente por esses momentos ronceiros de que dás conta
e pelo imponderável peso da mediocridade e limitação de vistas e horizontes
com que nos brindam os nossos irmãos mais piedosos e imaculados,
com o cercear da nossa voz e do nosso contributo desestabilizador
das grandes e pastosas pazes pachorrentas.
Sofrer por Paixão é tóxico.
Sofrer porque nos limitam é tóxico.
Sofrer porque nos não compreendem nem aceitam como somos é tóxico.
Uma Religião que, nos seus membro,
ministra sofrimento vigilante e perseguidor aos demais é tóxica.
Temos de nos desintoxicar disso e, por muito duro e penoso que seja, é bom!
klçjlkj
Ao contrário de Madre Teresa, nunca vivi uma Noite Escura prolongada,
só o pecado que me consinto e em que mergulho,
tornam imperfeita e baça a minha união undissolúvel com Cristo.
Mas conheço as fontes de renovação e refrescamento do meu coração
para que o Amor Divino todo me perpasse e jorre claramente para com os outros.
lkj
Os meus dias, porém, têm de ser de deserto, de aspereza,
de insatisfação, de provocação, de incoerência, de erro,
de violência, de conflito, de raiva, de fúria, de devoramento, de pecado.
Tenho a obrigação de Procurar, de desenterrar tudo
para que não me tente a alcandorar em Vinha Escolhida,
Eleito Eleito, escol, Nata dos Filhos de Deus,
devo ser capaz de compreender em qualquer momento qualquer ser humano
e sentir pulsar o apelo salvífico concreto de Cristo para cada um de nós,
que temos dentro continuamente a possibilidade da loucura exterminadora
e da violência deliciosa e execravelmente patentes, por exemplo,
a personagem de Javier Bardem (Anton Chigurh) em «Este País não é Para Velhos».
O Vaticano protesta contra a Bênção pela Academia de este Filme,
mas a própria Bíblia, enquanto Livro Máximo da Violência mais Cabal na Espécie Humana
é precisamente por isso um começo de denúncia e de exorcisação dela.
lkj
Sempre fui um privilegiado da Plenitude Espiritual,
sempre fui beatífico de mais, graças a Deus,
porque vivo do silêncio e da contemplação gozoza de Deus
e essa disciplina é-me natural e facílima, corre com a minha natureza.
lkj
Preciso, porém, de uma privação de esse meu Céu conhecido.
Careço de arder e armadilhar todos os Ninhos,
todos os Refúgios Seguros, quero mergulhar no que é a ruptura,
no vazio da não-fé a partir dos quais o meu coração se enterneça com os outros
no seu contexto porque a minha grande aquisição
a partir de um grande hieratismo inicial inflexível e ortodoxo
foi a descoberta do outro e do seu contexto
e de como o Encontro amoroso, fraterno,
delicado e respeitador é o grande milagre.
lkj
Cristo exemplificou-o com as suas mãos,
com o seu olhar, com o modo delicado e respeitador com que abordava os homens
como seres únicos e inigualáveis.
Esse estado de Proposta Irresistível e, sempre, delicadíssima
na Sua Pessoa e na Sua Palavra
são o Cerne de Mel do Evangelho
e é o que nos deve impregnar desde logo
porque o Caminho é Ele ou não existe de todo.
lkj
A Igreja tritura-nos de tensão e de crivo,
de murmuração e de mediocridade
e infelizmente mais que uma Casa de Festa e de Alegria,
é frequentemente de mais uma Cave-Covil de Triste Abatimento e Deprimência.
Essa descaracterização é inaceitável.
Sei o que, nela, é Festa, Celebração Jubilosa,
sei o que, nela, é Silêncio e Interiorização Absoluta da Palavra
e sei Onde isso é cortável à Faca.
lçkj
Finalmente, eu sei que abominas o calão.
'Caralho' repugna-te. 'Foda-se' desagrada-te
e toda a parafrenália disponível de toda essa linguagem mal-educada
porque o que é feio feio é.
Houve um tempo em que também nenhuma palavra má saía da minha boca,
mas só a palavra boa e edificante e eu era bondoso e compassivo numa bondade
fatalista de acatar e suportar abusadores e que calava em vez de dizer «Não!».
Algo, porém, me diz que há coisas feias que devemos aprender a filtrar nos outros
só para flagrantear que o que neles é puro e autêntico
só para que tal não nos seja invisível e inacessível
porque esbarramos no preconceito da fealdade.
klj
Gostava de ser lido sem que sequer isso obstaculizasse o Yeshua que me quero,
que te quero apresentar, BlastingB, e aos demais que o mereçam!

Comments

Stefy said…
hi Joshua, thanks a lot for your nice comment in my blog!
Have a good day
stefy
Blondewithaphd said…
E face a isto que queres que te diga da tua nudez religiosa e dos meus tropeços pela fé?
Que as tuas palavras incineradoras de que não gosto e que não replico obstam à tua leitura? Não, não obstaculizam, parafraseando-te. Chocam a minha leitura, é certo, mas nunca obstam a que me sejas apresentado, Joshua ou Palavrossaurus.
Temos percursos divergentes e amei conhecer o teu (és um pouco mais velho que eu quando eu pensava precisamente o contrário dado esse teu fulgor juvenil), mas consigo ver-te nos mesmos tempos de descoberta que eu, nesses mesmos anos. Só que tu tiveste talvez uma benção da revelação, enquanto eu cheguei lá a pulso, ao cabo de tanto ler, tanto procurar, tanto perguntar até ter de escolher. Depois também iniciei esse trajecto da comunidade. Padres estrangeiros que me moldaram e mais recentemente um português que me leva à vociferação mais pungente da crueza da fé humana e da ortodoxia vã e repetitiva. Discutimos muito e agasta-me que ele silenciosamente me dê razão e não frontalize o que pensa escondido atrás das vestes sacerdotais tão pesadas.
Vou tropeçando, acho que tu também. Mas tu reservas-te da comunidade e eu exponho-me continuadamente, repetitivamente, insistentemente. Eu recuso a amargura, como declino o escuro e o silencioso. Tu és feroz na tua vociferação.
Obrigada por me apresentares o Joshua! Olá eu sou a BlastingB!
Anonymous said…
Man ... que coisa poderosa!

Popular Posts