ESTÉTICA DO MEDONHO, SEGUNDO AUGUSTO M. SEABRA


Augusto M. Seabra: «Para além de todos os outros aspectos,
alguns até eventualmente controversos em termos factuais,
há um facto indesmentível na sequência dos dados que o “Público” noticiou:
o Eng. Técnico José Sócrates Pinto de Sousa assumiu a autoria destes projectos.
E isso é si mesmo um facto estético e cultural medonho,
um facto político também.
lkj
O homem que reclama a assinatura destes projectos foi depois,

nomeadamente, Secretário de Estado do Ambiente e Ministro do Ambiente
com a tutela do ordenamento do território – do ordenamento do território, sublinhe-se bem.
É agora Primeiro-Ministro de um governo
que no seu arsenal propagandístico inclui o novo-riquismo
da mais recente colecção fotográfica encomendada pelo ministro Manuel Pinho,
esse exemplo de parolice consumada que é a campanha “Europe’s West Coast”».
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SÓCRATES E O LIXO DEBAIXO DO TAPETE
LKJ
«José Sócrates está tramado.
Não há forma de sair airosamente deste novo Civilgate,
agora descoberto na Guarda.
lkj
Se a notícia do Público for verdadeira
e ele realmente tiver andado a assinar projectos alheios,
é uma tragédia ética.
Se a notícia for falsa e aquelas moradias tiverem mesmo saído da sua cabecinha,
é uma tragédia estética.
lkj
Entre o bem e o belo, é natural que Sócrates se agarre ao bem,
que é qualidade mais apreciada num político,
mas quando olhamos para aquelas fotografias de casas de emigrantes horrendas
made by José damos todos graças a Deus de o homem ter optado pela política
em detrimento da engenharia.
lkj
Entalado entre dois desastres, Sócrates reagiu de forma desastrada.
Eu começo a desconfiar que quem assina o boletim de militante socialista
deve ser inoculado com algum vírus que o leva a gritar "cabala"
sempre que confrontado com factos desagradáveis.
çlk
Eu tinha o nosso primeiro-ministro em melhor conta.
Transformar uma notícia perfeitamente legítima,
bem fundamentada e assinada por um dos poucos jornalistas
que em Portugal ainda fazem investigação a sério,
num "ataque pessoal e político" é uma pouca-vergonha.
çlk
Se Sócrates entende que se trata de uma calúnia,
então apresente factos - e não gritinhos histéricos.
Eu, pelo meu lado, o que gostava de saber
não é porque é que o Público persegue José Sócrates
- é porque é que o Público, tendo uma notícia deste calibre nas mãos,
optou na primeira página por a colocar em rodapé.
çlk
É que convém estar atento aos detalhes.
Para quem não reparou, a manchete do Público na sexta-feira
foi "Democracias fecham os olhos aos abusos das ditaduras, denuncia ONG",
o que para além da elegância da formulação
é algo de tão original quanto dizer que as galinhas têm penas
e que os cães fazem ão-ão.
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Ou seja, aquela primeira página não mostra que Sócrates é perseguido
- mostra, pelo contrário, que Sócrates mete demasiado medo a demasiada gente,
como depois se comprovou pelo manto de silêncio
que caiu sobre as pessoas envolvidas na notícia.
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E este silêncio, francamente, começa a cheirar muito mal.
É que por muita tolerância que o povo português tenha para com a pequena trapaça
- e tem, e muita -, há sempre um momento em que se esgota o espaço debaixo do tapete: empurra-se o lixo, mas ele já não cabe.
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Para Sócrates, este pode muito bem vir a ser esse momento.
Ao garantir, preto no branco, que todos aqueles projectos são da sua autoria e responsabilidade, ele cometeu um erro estratégico:
enterrou-se neste caso até ao pescoço.
lkj
Agora, se for apanhado, não tem como sair de mansinho.
Uma mentira destas nem o padre Melícias consegue absolver.»
lkj
José Miguel Tavares, DN

Comments

Blondewithaphd said…
Man, if he signed those bloody awful projects for houses with bathroom tiles on the outside, then we're far worse than I thought!!!
Robin Hood said…
Ah, não restam dúvidas que a obra é de quem é.
Tem o estilo.
Joshua, sempre com a tesão que se quer.
Pata Negra said…
Sim senhor, não vale a pena escrever mais sobre o assunto,vou divulgar, bem caçado!
antonio ganhão said…
O Sócrates é assim, tipo casa de emigrante forrada a azulejos.
Anonymous said…
é naquela base ... o governo já caiu mas os cheiros ainda emanam e parecem vivos ...
desculpem a assertividade surreal, ok?
Muito bem apanhado.
Abraço solidario,
M.

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