O TEU TÉDIO NA RUA SAINT-HYACINTHE
num hotel mobilado, rua Saint-Hyacinthe.
Transportando debaixo do braço uma pasta nova em folha,
dirigiste-te para a abertura dos cursos.
Trezentos jovens, de cabeça descoberta,
enchiam um anfiteatro onde um velhote de sotaina vermelha
dissertava numa voz monótona.
Penas rangiam sobre o papel.
De novo o odor poeirento das aulas,
uma cadeira com a mesma forma, o mesmo tédio!
Sem paciência, abandonas as Institutas na Summa divisio personarum.
As alegrias que a ti próprio tinhas prometido não apareciam;
e, quando esgotaste um gabinete de leitura,
percorreste as colecções do Louvre,
foste várias vezes de seguida ao espectáculo,
caindo numa ociosidade sem fundo.
Mil coisas aumentavam a tua tristeza.
Tinhas de contar a roupa e aturar o porteiro,
rústico com ares de enfermeiro,
que vinha de manhã fazer-te a cama,
cheirando a álcool e resmungando.
O apartamento, enfeitado com um relógio de pêndulo de alabastro,
desagradava-te. As paredes divisórias eram finas;
ouvias os estudantes a fazerem ponche, a rirem e a cantarem.
Farto desta solidão,
procuraste um dos seus antigos camaradas, Baptiste Martinon.
E descobriste-o numa pensão burguesa
da rua Saint-Jacques, engolindo o seu Processo,
diante de um lume de carvão de terra.
Em frente dele, uma mulher com um vestido de chita passajava-lhe as peúgas.
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