UMA BOA FARSA
Louis-Philippe I, o último rei dos franceses. |
quando te dirigias para o curso de Processo,
julgaste notar na rua Saint-Jacques mais animação do que de costume.
Os estudantes saíam precipitadamente dos cafés,
ou, pelas janelas abertas, chamavam-se de cada para casa;
os lojistas, no meio do passeio, observavam com ar inquieto;
as persianas fechavam-se;
e, quando chegaste à rua Soufflot,
viste um grande ajuntamento à volta do Panteão.
Jovens, em bandos desiguais de cinco a doze,
passeavam dando o braço uns aos outros,
e abordavam os grupos mais consideráveis
que estacionavam aqui e além, no fundo da praça,
encostados ao gradeamento,
homens de blusa discursavam,
ao passo que, de tricórnio sobre a orelha e mãos atrás das costas,
polícias erravam ao longo das paredes,
fazendo ressoar nas lajes as suas fortes botas.
Todos tinham um ar misterioso,
surpreso; aguardava-se alguma coisa evidentemente;
cada um continha na ponta dos lábios uma interrogação.
Achavas-te ao pé de um jovem loiro, de rosto aprazível,
e que usava bigode e barbicha como um elegante do tempo de Luís XIII.
Perguntaste-lhe qual a causa do movimento.
─ Nada sei ─ replicou o outro ─, nem eles!
É o seu modo de ser actual!
Que boa farsa!
E desatou a rir.
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