ESTADO HERMAFRODITA DA CAIXA


1. A aflição com a recente degradação da imagem interna em que o Banco CGD sai uma vez mais chamuscado com o Dossiê Fino, conduz ao Efeito Declarativo. O que é o Efeito Declarativo? Acabo de inventar agora mesmo a designação e consiste na tentativa de justificar o injustificável, o discricionário, o excepcional, a rasura de uma lei e princípios gerais, mediante o reiterado recurso aos holofotes mediáticos, saturando-nos de Vácuo e de Simulações Explicativas. Por outras palavras, é uma forma solene de mentir com eufemismos supostamente tranquilizadores ou anestesiantes. Vimos precisamente esse Efeito Declarativo na imediata profusão de vezes em que PGAd, Cândida de Almeida, branqueou, subestimando-o, nas TVs, o Caso Freeport no que tange à figura de charneira em todo o processo, apesar de tantas e sucessivas inferências, por exemplo na Carta Rogatória do SFO. Efeito Declarativo presente nas vezes em que o enfadado PGR demonstra o terrível tédio pelos Media ou o quanto lhe fazem espécie as barbaridades (factos e mais factos, documentos e mais documentos, e-mails e mais e-mails) de que a imprensa em boa hora nos dá conta do mesmo caso, o quanto lhe custam as revelações profundas da viciação tremenda de que padece o jogo democrático português, sempre que um suposto segredo de justiça é revelado. Portanto, o Efeito Declarativo também é isto: «A Caixa geral de Depósitos (CGD) vai pagar um dividendo de 300 milhões de euros ao Estado, apesar da descida que registou nos lucros de 2008. Em conferência de imprensa, o banco público anunciou que os lucros de 2008 atingiram os 459 milhões de euros, menos 46,4 por cento em relação ao resultado obtido em 2007. As imparidades registadas pela Caixa com as participações financeiras na Zon Multimédia, no Banco Comercial Português e no sector segurador, atingiram 607 milhões de euros.» A Tenda de Enganar continua, agora circunspecta e seriíssima no seu desprezo por nós. A Caixa e o Estado são uma realidade hermafrodita em espécie ainda bem que dióica que nós é que temos de pagar. Se dúvidas houver, isto, que são factos, fala por si: «O ministro das Finanças disse hoje que não tem de responder "pelos actos de gestão administrativa" da Caixa Geral de Depósitos, remetendo para o comunicado da CGD sobre a compra de quase 10 por cento da cimenteira Cimpor em acções valorizadas em 25 por cento. Teixeira dos Santos falava durante uma interpelação ao Governo do Bloco de Esquerda, depois de ter sido confrontado por Francisco Louçã com o comunicado divulgado hoje pelo banco do Estado sobre o negócio com Manuel Fino. O empresário vendeu um sexto à CGD para amortizar uma dívida que tinha junto da CGD. As acções, para além de terem sido vendidas a um valor 25 por cento superior ao da bolsa, não podem ser vendidas pela CGD nos próximos três anos, a não ser ao próprio Manuel Fino».
lkj
2. Ui! Que mesquinhez, meu Deus! «O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) mostrou-se hoje desagradado pelo negócio da compra de parte da Cimpor ter saltado para a praça pública, garantindo que a instituição age na defesa dos interesses do banco e do Estado."Faz-me muita confusão tanto pôr em causa, que se levante tanta dúvida" sobre a compra de acções representativas de quase dez por cento da Cimpor a Manuel Fino, numa operação de renegociação da dívida do empresário ao banco. Faz-me muita confusão tanto pôr em causa, que se levante tanta dúvida" sobre a compra de acções representativas de quase dez por cento da Cimpor a Manuel Fino, numa operação de renegociação da dívida do empresário ao banco. "Estas matérias não podem ser discutidas na praça pública (...) mesmo em relação ao Governo, um caso particular de um cliente está sob sigilo bancário", recordou o presidente da Caixa, na conferência de apresentação de resultados de 2008, mostrando-se desagradado com a divulgação de informações sobre o negócio». Ui, a Praça Pública tem as costas largas. Temos o dever de reduplicar a vigilância, depois da hecatombe de confiança que representou no BCP as lutas intestinas pelo poder e os danos de que mal se fala, os desmandos grosseiros no BPN, o afundanço sistémico do BPP. Não brinquem connosco. Se é certo que não é saudável andar a Opinião Pública a comentar actos de gestão bancária, é muito menos saudável passar a impressão transparente de que o Banco Público, uma só coisa hermafrodita com o Estado, faz negócios com privados que em boa verdade não lembra ao diabo. Em todo o caso, ui! Esta gente funciona numa lógica despreziva do peso morigerador e da necessidade vigilante de uma Opinião Pública moderna, europeia e avançada.

Comments

Anonymous said…
A Metáfora! é o retrato vivo do
ESTADO da CAIXA ou viceversa!

Na realidade são os Homens que fazem o estadodesítio

sóumestadodealertaurgente!permanente...

um polícia para cada ladrão! quantos Homens sérios sobrariam?
antonio ganhão said…
Estas notícias fazem-me mal à saúde!

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