ECONÓMICA INDIGÊNCIA MORAL

1. Quase aposto que o emagrecimento brusco da exportação de automóveis determinou em grande parte que a Zona Euro tenha registado o pior défice comercial da sua história em 2008, tendo atingido os 32,1 mil milhões de euros, segundo os dados do Eurostat, o gabinete de estatísticas europeu, que apresentou hoje a sua primeira estimativa para a balança comercial da UE e da Zona Euro de Dezembro de 2008. É preocupante. Uma Europa riquíssima em cada pedra, em cada aldeia histórica, engenhosa e laboriosa nunca pode estar à espera de um golpe destes. Que sucederá mal o proteccionismo norte-americano mostre melhor os dentes?!
lkj
2. Não faço fé nas taxas oficiais de desemprego: dizerem-nos que a taxa de desemprego aumentou uma décima entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado, para 7,8 por cento, um valor que fica ligeiramente abaixo das expectativas de alguns economistas e que pode não reflectir os despedimentos e rescisões de contratos anunciados na generalidade dos sectores de actividade, face à actual crise nacional e internacional, equivale a dizerem-nos que estamos há muito nos oito ou nove %, mas o pudor é muito.
lkj
3. O comunismo possibilitou morticínios inéditos na história dos homens. Há quem procure justificar por que tenham as coisas de ter sido assim. Dogmatismo e irracionalidade, pretexto e natureza humana: e agora três décadas depois da queda de um regime que levou à morte de 1,7 milhões de pessoas, um responsável khmer vermelho sentou-se hoje pela primeira vez no banco dos réus. Kaing Guek Eav, mais conhecido por Duch, dirigia a prisão S-21, o centro de tortura do regime. Ficou impávido a ouvir as declarações iniciais do juiz. Leia-se que lhe pareceu a coisa mais natural administrar dor e morte em admirável escala: foi um reajuste populacional, foi educação intensiva. Foi uma legítima purga de Esquerda.
lkj
4. O atraso nestas coisas é natural. Tudo se administra e os custos para o erário acrescerão. Bem podem esperar as associações sócio-profissionais da GNR e da PSP apelaram hoje para que o novo regime sobre crimes com recurso a armas de fogo, anunciado pelo Governo há seis meses, entre com urgência em vigor. As medidas do Governo que indicavam, por exemplo, a prisão preventiva para todos os crimes com recurso a armas de fogo, são hoje discutidas na sub-comissão de Administração Interna da Assembleia da República. Ao longo do mês de Agosto passado, Portugal viu uma onda devastadora de assaltos e violência e viu ainda melhor a impotência da vã actuação polícial com um código laxo e desmoralizador. Quanto tempo teremos de esperar?
lkj
5. Talvez aquilo que socialmente nos insatisfaz, sobretudo o nível africano e sul-americano do Poder Político, seja no geral percepcionado paradisiacamente pelos imigrantes. Isto é bom para o País. Na verdade, o que gerações de filhos de Salazar não conseguiram em renovação de mentalidades e transformação interna, apenas em êxodo continuado dos melhores para todas as partes do mundo, possa representar em curtas gerações um efeito benéfico do melting pot norte-americano: as faces dos portugueses estão a ficar cada vez mais heterogéneas. Nos dois últimos anos, um número crescente de cabo-verdianos, brasileiros, moldavos, guineenses, angolanos ou são-tomenses decidiu solicitar a nacionalidade portuguesa. O Ministério da Justiça não forneceu dados, mas o movimento prova-se pelo número de certidões e pareceres que a Conservatória dos Registos Centrais pediu ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). De todos os modos, é a única publicidade positiva de que Portugal vale a pena, apesar de tanta imperfeição democrática e perigos severos rondando o ambiente político e social devido fundamentalmente a um conjunto de desonestidades e de mentiras económicas e securitárias.

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