O BODE RESPIRATÓRIO
Evidentemente que ontem custou engolir, uma vez mais, o imperialismo espanhol, usando para o efeito a marreta catalã, ironia das ironias. Castelhanizar Olivença foi tão difícil e tardio como Villa aparecer solto pelo lado do carismático, veloz e experimentadíssimo Ricardo Costa, uma invenção muito carlos-queiroziana. Se até aí, o seleccionador nacional estava em estado de aparente candura e graça, bastou um golo e uma exibição globalmente frouxa e encolhida, para estalar o verniz: o homem não se faz respeitar. O seu discurso tem mel. Os resultados obtidos, de todas as vezes (Sporting/Real Madrid/Selecção, primeiro take, o take da célebre "porcaria" e agora isto), geram fel. As bocas anti-Queiroz entre jogadores sucedem-se, bem como as pressurosas retractações dos mesmos jogadores. A amargura portuguesa exige um Bode, como diria Jorge Jesus, "Respiratório". Ora, como Carlos Queiroz é extremamente vaidoso e vingativo e tem um paleio quilométrico, por mais que respire, o Bode Respiratório nunca será ele, pelo menos por seu próprio pé. Concordo com quem já vai dizendo que não nos bastava um Primadonna político, postiço e oco, nefando e nefasto, era preciso aparecer-nos agora um Primadonna no futebol. E não se trata de Ronaldo, por mais que o denigram. Infelizmente, Queiroz é — como o direi?— Queiroz! Tal como felizmente Mourinho é Mourinho e, segundo Mourinho, Simão, apático, foi a brecha.
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