REFINADOS FILHOS DO DIABO
Tudo mudou, em Portugal. Não existe honra nem ética na vida pública. Assessores, funcionários, gente menor em todos os estratos, transformados em escrupulosos detritos, vasculham o lixo e os restos no caixote dos adversários para melhor os contundir, perseguindo-lhes os erros, mas apenas com intuitos de poder, de hegemonia, de supremacia sobre os demais, própria de galos reles na capoeira humana. Já não se invoca sequer o direito à indignação, mas o direito à falcatrua, o direito ao recorde no puro esbulho, despudorado e apadrinhado roubo público exemplar, grotesco e grosseiro: eis o que subjaz à retórica de estes fantásticos cabrões "anónimos", quando revisitam as sujidades do passado para melhor relativizarem as do presente a cuja sistemática defesa se entregam. São refinados e impenitentes filhos do Diabo, esse arquétipo do mortífero e do dissoluto, gente cujo trabalho decadente, sujo e sabujo, os contribuintes portugueses estão a pagar a peso de ouro, sem tugirem nem mugirem, sem sequer suspeitarem do que aí vem, a começar por isto.
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