O PASTO, AS VACAS, O PRESIDENTE
Não sou dos que reclamam do silêncio presidencial a respeito da dívida escandalosa madeirense. Sou, pelo contrário, dos que lhe pedem um tipo de silêncio solidário, ético. Fazer silêncio é sempre assisado. Sempre. Já mediatizar o enternecimento por vacas enternecidas diante do verdejar dos seus pastos, isso dispensava-se. A vida económica estiola-se. Começamos a invejar os bichos. Diante dos apertos, impondo-se não haver dinheiro para coisas elementares, qualquer coisa risonha e idílica é-nos ruído. Nuvens negras vão adejando e a Europa enfia-se caoticamente no seu colete de penas e preconceitos Norte-Sul, dramático dilema. Bem podemos invejar as vacas da Graciosa, no seu sorrir pastoril, ou suspirar pela sorte da anoneira algarvia podada pelo sr. Presidente da República: como animais para engorda fiscal que somos não há pasto que nos valha.
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