O GRANDE PARADOXO PORTUGUÊS

«As medidas que o Governo concretizou desde que tomou posse causaram efeitos recessivos duros na economia, superiores àqueles que foram antecipados nas previsões oficiais. O ritmo de evolução da actividade não consegue sair do terreno negativo em que mergulhou há vários trimestres e as perspectivas futuras são as de que um regresso ao sinal positivo não trará de volta as taxas exuberantes que marcaram outros tempos em que se cresceu, embora se tenha crescido mal.
Tudo somado, com um país que carrega às costas uma dívida pública de dimensão superior a 120% daquilo que produz anualmente, seria suficiente para colocar os investidores em alerta. A suavização do calendário ajuda a transmitir uma mensagem de maior sustentabilidade no processo de correcção dos desequilíbrios graves que persistem nas contas públicas. A vontade de cumprir, sem recuar perante medidas impopulares, em troca do apoio assumido e sublinhado por dirigentes europeus a Portugal dá outro contributo. Com a protecção política das capitais europeias que contam e o resguardo do Banco Central Europeu, [é baixa] a percepção do risco de investir em títulos emitidos pelo Estado português, o que predispõe os investidores a regressarem. Há outro incentivo. As obrigações do Tesouro de potências como os Estados Unidos ou a Alemanha apresentam rendibilidades baixas, muito inferiores às que podem ser arrecadadas pela dívida nacional. Com os mercados mais estabilizados, a apetência pelo risco é reavivada. E esta situação pode ser determinante para Portugal, o Estado, os bancos e as empresas, recuperarem a sua autonomia financeira.» João Cândido da Silva

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