SEXTA, QUANDO GASPAR SE DEMITIU

Fui dos que, perante a converseta técnico-trágica de Gaspar, na última Sexta-feira, entendeu tratar-se aquilo de uma despedida, como se subliminarmente estivesse a dizer: «A realidade é esta. Estou por tudo. Façam como e o que quiserem. Demitam-me, se forem capazes e capazes de fazer melhor que isto. Demitam-me e o País fará um mergulho a pique na confiança dos mercados: é em mim que o eixo imperial Berlim-Bruxelas confia. Mas demitam-me, vá lá. Alguém, por favor. E verão a roleta russa em que se metem e ao País.» Além disso, vimos uma curiosa divergência esquizofrénica de análises. Para a Troyka, estamos no bom caminho. Para o Governo, o Presidente, a Sociedade, as Oposições, mediante cada porta-voz dos Partidos, estamos no túmulo que diligentemente fomos cavando, sendo transversal e unânime que o Ministério das Finanças-Troyka fracassou, por excesso hirto de teoria e incompetência política na interacção com gente concreta. As previsões deste são preventivamente negras antes que possam ser contrariadas milagrosamente pela realidade ou confirmadas por ela: segundo Gaspar, a recessão depois da previsão de um ligeiro aumento de 1% poderá afinal acrescer num aumento de 0,3%, num cúmulo de de 2,3%. No meio do caminho, a grande pedra do Desemprego. Depois disto, já só falta que uma crise política estale grave e inelutável, coisa que já se fareja dos Partidos do Costume, mas também do PS, mal se vê Jorge Coelho, depois de ter feito vida e enriquecido no seu salto de Regime, da Governação para a MotaEngil, a perorar daquela forma repleta de calor, testosterona, impostura e perdigotos, contra a linha neoliberal que a Europa e o Governo preconizam para o Continente e Portugal, respectivamente. Ó visionário! Cavaco Silva continua a ser vaiado e a ter aquele tipo razão antes do tempo que dá vontade de esbofetear até que acorde: peso morto do Regime antes, durante e enquanto decorrer esta Via Sacra colectiva de desesperança e tristeza, corresponsável por este comunitário e nacional dar com os burros na água pela mão de políticos cretinos e inimputáveis. A porta está aberta para o cavar mais fundo do nosso sofrimento, mas com o PS a surgir resplandecente e virginal, substituindo a demagogia do optimismo socratesiano, que era saque sectarista e piromania com dinheiro público através do Poder, pela demagogia do Outro Caminho que, em boa verdade, não existe [Hollande não o segue, ninguém o pratica] a não ser nas cabeças de merda de Seguro e dos outros coveiros e vacas que riem. Partidos, décadas de Partidos, puta que os pariu a todos. Reformem-se ou desapareçam.

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