ALARME SOCIAL E AMNÉSIA SELECTIVA


1. Percebe-se o esforço que o ministro da Economia, Manuel Pinho procure ganhar tempo ao assegurar hoje que “existem vários interessados" na fábrica da Qimonda em Vila do Conde, após uma reunião com o gestor judicial da empresa e com o presidente da Qimonda. Mas virá tempo em que todo este esforço será inglório e até patético. Em primeiro lugar, porque serão variadíssimos os casos semelhantes e os recursos do Estado finitos e em segundo lugar porque procurar salvar o que não quer nem pode ser salvo tem os devidos limites impostos pelo bom senso. A principal razão de fundo é que será necessário um tipo de intervenção mais sistémica e estrutural que o Estado português tem retardado em implementar e que passará obrigatoriamente por desafogar as PME do ponto de vista fiscal, revendo taxas de IRC e retrabalhando os obscenos timmings imorais para os pagamentos de IVA, os quais em inúmeros casos representam um ciclo vicioso de perda que a juzante implicará muito mais desemprego disseminado. Sintomático de isso é que o ministro Pinho não tenha adiantado os nomes dos interessados em investir na Qimonda ao mesmo tempo que evidenciou que o actual processo de falência da empresa “poderá ter uma consequência positiva, pois dará mais flexibilidade para a reestruturação das diversas partes do grupo, sendo que as melhores e mais competitivas são a unidade de Dresden e a de Vila do Conde”. Acontece que nós conhecemos as consequências do triunfalismo apressado do Governo e sobretudo temos motivos para descontar verdade nos diversos anúncios pífios disseminados por esta legislatura para não acreditar na salvação ou no alívio implícitos nessa grande ideia de que a unidade de Vila do Conde, sendo, com a de Dresden, a mais competitiva, possa tranquilizar-se apenas com isso.
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2. Temos a obrigação de pensar que Portugal é um enorme off-shore, pelo menos atendendo ao facto de que durante pelo menos quatro anos, a administração fiscal não instruiu os seus serviços para aplicar ao sector financeiro regras que reduziriam os seus reembolsos do IVA em dezenas de milhões de euros. Em Março passado, uma auditoria da Inspecção-Geral de Finanças chamou a atenção para esse facto, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais aplaudiu as conclusões, mas nada mudou. Agora, o Ministério das Finanças promete que, "a breve prazo, serão emitidas instruções administrativas". E depois não se queixem de que sintamos uma oprimente dualidade de critérios em face dos fabulosos lucros sempre evidenciados pela Banca e a galopante bancarrota dos cidadãos acossados por credores bem armados e escudados na lei e nos meios a fim de se compensarem rapidamente e com juros em caso de incumprimento. Esta amnésia selectiva ainda trará muitos amargos de boca ao aos passentos e oportunísticos Responsáveis por tal desrespeito em decurso para com o cidadão português, estupidificado e explorado pelos mesmos de sempre com particular condescendência e conivência de um poder político diligentemente ao serviço dos Fortes e negligente e perseguidor dos mais frágeis e débeis da sociedade. Os assaltos inéditos nas imediações de onde vivo, o engolir em seco a fome e a falta grosseira de tantos e tantas constituem um grito em crescendo, clamando contra a Falsificação Democrática e a Vergonha Injusta na disparidade do bem-estar e no abismo entre muito ricos e muito pobre que o Regime Corrupto urdiu com enorme denodo.
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3. O espírito de um blogger cósmico será sempre crítico e dubitativo, mas sinto que este Inverno já passou das marcas aqui em Portugal como nalguma Europa dada a grandes nevascas e por isso mesmo uma ideia instala-se no meu espírito: a de que nos defrontamos com um provável mini-glaciação. «Já é o pior nevão em seis anos e por causa dele grande parte dos transportes de Londres não estão a funcionar, incluindo alguns aeroportos, várias linhas do metropolitano, algumas de comboio e todos os autocarros da cidade, que transportam em média seis milhões de pessoas por dia.Os aeroportos de London City (no centro da cidade) e de Luton estão “fechados até novas indicações”, Gatwick permanece aberto, mas pelo menos 23 voos foram cancelados e 18 desviados para outros aeroportos durante o dia de ontem, e em Heathrow, o aeroporto mais movimentado do mundo, duas pistas estão temporariamente fechadas e a neve que vai continuar a cair significa que “voos de e para o aeroporto vão estar hoje sujeitos a atrasos significativos e cancelamentos”. Deduzo que, a menos que a minha intuição falhe, o gelo e o frio se transformem em fenómenos mais intensos e mais prolongados na nossa Europa por alguns anos, coisa que não seria inédita, pois qualquer pesquisa explica a microglaciação por que passou a Europa e a América do Norte ao longo de sensivelmente um ou dois séculos, se não erro. Preocupante se somarmos a depressão económica à depressão climática e os decorrentes custos energéticos.
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4. Dificilmente haverá memória de um Ministério mais Estúpido que o actual Ministério da Educação (ME), que agora, depois de ter cometido toda a espécie de tropelias legislativas, linchamentos morais, sordidezes processuais de toda a sorte contra pessoas concretas, pretende peregrinamente recrutar professores reformados para, em regime de voluntariado, colaborarem no apoio aos alunos nas salas de estudo, em projectos escolares ou no funcionamento das bibliotecas, entre outras actividades. Segundo um projecto de despacho do secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, as escolas definem no início de cada ano lectivo as suas necessidades, estabelecendo o perfil dos candidatos a recrutar e elaboram um programa de voluntariado. É impossível não qualificar isto como uma medida estúpida e estapafúrdia, uma ofensa aos professores em qualquer estágio da carreira ou da pós-carreira, representam um passo atrás em relação às leviandades cometidas contra pessoas concretas. Certamente que a Reforma em massa de professores, que a fuga de recursos humanos preciosos, macerados pela brutalidade do ME, gente enorme com uma preciosa experiência no campo, tudo isto pode ter abalado a sustentabilidade de algumas escolas escoradas justamente nessa experiência de bom-senso, de mediação e grande solidariedade interdocentes e transversal à escola enquanto cadinho social acarinhado e formado pelo papel do Professor. Porém, já nada pode ser feito por este ME para corrigir a Estupidez como sistema natural de funcionamento lançada para dentro e para cima das escolas. Aliás, à Aberração Pseudo-Avaliativa em Decurso, promovida por este Ministério Estúpido composto por inqualificados e inqualificáveis espécimens sem lisura nem ética, só está submeter-se um refugo de seres humanos naturalmente hesitantes e medrosos porque pais e mães de família, que infelizmente não compreenderam que transigir com uma Aberração implicará nunca mais deixar de transigir com a malignidade processual de este governo em tudo Aberrante e Malígno nesta história, conforme os factos estudados de esta legislatura incompetente não deixarão de demonstrar. Se há dúvidas, avaliem este Trambolho: «MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE PROFESSORES AVALIADORES Presidente do Conselho Executivo Avalia:- Assiduidade - Grau de cumprimento do serviço distribuído - Progresso dos resultados escolares dos alunos e redução das taxas de abandono tendo em conta o contexto socio-educativo- Participação nas actividades da escola- Acções de formação realizadas - Exercício de outros cargos de natureza pedagógica- Dinamização de projectos de investigação - Apreciação dos encarregados de educação, desde que haja concordância do docente e nos termos a definir no regulamento da escola Coordenador do Departamento Curricular: Avalia a qualidade científico-pedagógica do docente com base nosseguintes parâmetros- Preparação e organização das actividades lectivas- Realização das actividades lectivas- Relação Pedagógica com os alunos- Processo de avaliação das aprendizagens dos alunos. FASES DA AVALIAÇÃO 1.ª fase Objectivos e indicadores- O Conselho Pedagógico da escola define os seus objectivos quanto ao progresso dos resultados escolares e redução das taxas de abandono, que são elementos de referência para a avaliação dos docentes.- O Conselho Pedagógico da escola elabora os instrumentos de registo de informação e indicadores de medida que considere relevantes para aavaliação de desempenho. 2.ª fase Objectivos individuais - No início de cada ciclo de avaliação de dois anos, o professoravaliado fixa os seus objectivos individuais, por acordo com osavaliadores, tendo por referência os seguintes itens:- Melhoria dos resultados escolares dos alunos- Redução do abandono escolar - Prestação de apoio à aprendizagem dos alunos incluindo aqueles com dificuldade de aprendizagem- Participação nas estruturas de orientação educativa e dos órgãos de gestão da escola- Relação com a comunidade;- Formação contínua adequada ao cumprimento de um plano individual de desenvolvimento profissional do docente.- Participação e dinamização de projectosNota: Na falta de acordo quanto aos objectivos prevalece a posição dos avaliadores; 3.ª fase: Aulas observadas - O coordenador de departamento curricular observa, pelo menos, três aulas do docente avaliado em cada ano escolar.- O avaliado tem de entregar um plano de cada aula e um portfólio ou dossiê com as actividades desenvolvidas; 4.ª faseAuto-avaliação- O professor avaliado preenche uma ficha de auto-avaliação, ondeexplicita o seu contributo para o cumprimento dos objectivos individuais fixados, em particular os relativos à melhoria das notasdos alunos- Os professores têm de responder nas fichas de auto-avaliação a 13 questões (pré-escolar) e 14 questões (restantes ciclos de ensino); 5.ª fase Fichas de Avaliação - O presidente do conselho executivo e o coordenador do departamento curricular preenchem fichas próprias definidas pelo Ministério da Educação, nas quais são ponderados os parâmetros classificativos.- Os avaliadores têm de preencher uma ficha com 20 itens cada, porcada professor avaliado- O coordenador do departamento curricular preenche uma ficha com 20itens, por cada professor avaliado- O presidente do conselho executivo tem de preencher uma ficha com 20 itens, por cada professor avaliado- As pontuações de cada ficha são expressas numa escala de 1 a 10. 6.ª fase Aplicação das quotas máximas- Em cada escola há uma comissão de coordenação da avaliação dedesempenho formada pelo presidente do Conselho Pedagógico e quatro professores titulares do mesmo órgão, ao qual cabe validar aspropostas de avaliação de Excelente e Muito Bom, aplicando as quotasmáximas disponíveis. 7.ª fase Entrevista individual- Os avaliadores dão conhecimento ao avaliado da sua proposta deavaliação, a qual é apreciada de forma conjunta. 8.ª fase Reunião Conjunta dos Avaliadores- Os avaliadores reúnem-se para atribuição da avaliação final apósanálise conjunta dos factores considerados para a avaliação eauto-avaliação. Seguidamente é dado conhecimento ao avaliado da sua avaliação. SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO - Excelente, de 9 a 10 valores- Muito Bom, de 8 a 8,9- Bom, de 6,5 a 7,9- Regular, de 5 a 6,4- Insuficiente, de 1 a 4,9. EFEITOS DAS CLASSIFICAÇÕES - Excelente durante dois períodos seguidos de avaliação reduz emquatro anos tempo de serviço para ser professor titular- Excelente e Muito bom reduz em três anos tempo de serviço para serprofessor titular- Dois Muito bom reduz em dois anos tempo de serviço para ser professor titular- Bom não altera a normal progressão na carreira- Regular ou Insuficiente implica a não contagem do período para progressão na carreira- Dois Insuficiente seguidos ou três intercalados implica afastamento da docência e reclassificação profissional.» [Fonte: Jornal 24 Horas]. É evidente a estupidez grossa inscrita no Trambolho Pseudo-Avaliativo. Razões sobejas para nunca perdoar a estes burocratas, mestres da mais asinina asneira com o beneplácito de uma claque de caciques servis. Todos eles, o galheteiro ministerial Valter/Lurdes/José e sobretudo o Primeiro-Ministro, praticantes do «Façam o que eu digo, mas não o que eu fiz ou faço». Que esperar de uma detentora de um doutoramento automático sem prestar provas?! Que esperar de um secretário de estado que não sabe pontuar a mais singela frase?! Que esperar de um falsário por vocação e natureza, um grande esgueirado da política, um rato dos corredores e das oportunidades no seu partido?! Atiraram com um fardo pesadíssimo para cima de gente comum e cheia de valor humano e pedagógico e esperam o quê?! Deviam ter todos vergonha, pedir-nos desculpa, parar de insultar-nos, esses acabados impostores. Vão lá mas é poupar no que devem, esses mãos largas consigo mesmos! Brilhante, esta posta de Zé Morgado, do Antenta Inquietude: «[...] vejamos a ideia do ME de recrutar professores reformados para trabalho voluntário nas escolas. Ao princípio pensei que se tratasse de brincadeira, mas não, parece a sério. Não querendo aceitar que se trate de uma provocação, embora da cabeça do Dr. Lemos já pouca coisa me possa surpreender, duvidando de que se trate de uma ingenuidade infantil, só pode ser mesmo um enorme disparate político misturado com alguma delinquência ética, já habitual. Os professores reformados podem ser extremamente úteis nas suas comunidades, muitos são-no, conheço experiências muito interessantes que provam isso mesmo. Mas voluntariado nas escolas para desempenhar tarefas que cabem às escolas e aos professores no activo, é delinquente do ponto de vista ético, existem milhares de professores no desemprego. Sabe-se também que muitos professores estão a fugir, é o termo, para a reforma, com custos pessoais significativos, por não aguentar o clima instalado nas escolas. Vir agora convidar os professores reformados para trabalho voluntário nas escolas é absolutamente inacreditável. A seguir, provavelmente, o ME irá convidar jovens ainda sem idade para estar no mercado de trabalho para que dêem uma ajuda, voluntária é claro, no tomar conta dos mais novos, numa versão sofisticada da exploração de mão-de-obra infantil. De que mais irá esta gente lembrar-se?»

Comments

Anonymous said…
POsso postar esta matéria no meu blog, por favor?

Não tenho tempo para escrever... :-8


http://Anitanosupermercado.vox.com



abraço
Anonymous said…
E uma vez que este tema continua de maior importância, deixo aqui um bom vídeo da abordagem do tema Qimonda no Parlamento:

http://www.youtube.com/watch?v=jR5sbzcxw7s

Abraço
Joaninha said…
Desculpa meu amigo pela primeira vez na história da da nossa amizade cibernetica, não consegui acabar de ler um post teu.
Tás doido a meio do trambolho já tinha os olhos tortos!

"será necessário um tipo de intervenção mais sistémica e estrutural que o Estado português tem retardado em implementar e que passará obrigatoriamente por desafogar as PME do ponto de vista fiscal, revendo taxas de IRC e retrabalhando os obscenos timmings imorais para os pagamentos de IVA, os quais em inúmeros casos representam um ciclo vicioso de perda que a juzante implicará muito mais desemprego disseminado"

Hahaha! Mas tu achas que eles vão fazer isto?!

Meu amigo, meu amigo, então, estás um optimista tu ;)

beeeijos

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