HOMO NEANTHERTALENSIS, O GENOMA
Gostava de estar na pele de Svante Pääbo, antropólogo do Instituto Max Planck, para de igual modo me sentir feliz como ele se sentiu, ao subir ao palco no congresso da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Chicago, para proferir a sua palestra. Relata Ana Gerschenfeld, do Público, «que Svante Pääbo veio anunciar oficialmente que tinha conseguido fazer aquilo que ele e os seus colegas andavam há anos a tentar: ler o genoma dos Neandertais, esses homens das cavernas que viveram na Europa e partes da Ásia ao mesmo tempo que os primeiros Homo sapiens sapiens (os nossos avós) – e que se extinguiram, ninguém sabe porquê, há 30 mil anos. A equipa de Pääbo e a empresa norte-americana 454 Life Sciences, especialista das técnicas de sequenciação genética, realizaram uma proeza: a partir de ossos fósseis de Neandertal vindos de uma gruta na Croácia, sequenciaram milhões de fragmentos de ADN deste humano ancestral. Para tal, desenvolveram métodos específicos para ter a certeza de que estavam realmente a sequenciar o genoma dos Neandertais – e não o dos microorganismos que colonizaram os ossos, nem o dos próprios técnicos que faziam a sequenciação. Afinal de contas, os humanos actuais e os Neandertais têm em comum entre 99,5 e 99,9 por cento do nosso ADN. Nada mais fácil, portanto, do que confundi-los. Um outro feito, não menos impressionante, foi terem conseguido extrair a sequência de ADN utilizando menos de meio grama de matéria óssea. Seja como for, o primeiro “rascunho” do genoma dos Neandertais ontem apresentado corresponde a cerca de 60 por cento da totalidade do património genético dos Neandertais. O trabalho não acabou, mas já revelou novidades. Uma delas, disse Pääbo à BBC News, é que, segundo os resultados preliminares, “não há razão para não terem falado como nós”. Os Neandertais tinham a mesma variante que nós de um gene chamado FOXP2, que está associado à linguagem e à fala – ao passo que os chimpanzés não partilham dessa variante do gene. Mas a questão principal é a de saber se os Neandertais se terão ou não misturado com os Homo sapiens sapiens. Será que herdámos genes dos Neandertais que ainda hoje persistem nas populações humanas? Pääbo responde que não há indicações, no genoma agora reconstituído, de que tal tenha acontecido. Para isso, analisaram um outro gene, chamado microcefalina-1, implicado no desenvolvimento cerebral. Há quem pense que uma variante deste gene, comum nos europeus, vem dos Neandertais. Mas Pääbo e a sua equipa apenas encontraram uma forma ancestral desse gene no genoma dos Neandertais. A sequenciação deste genoma fóssil deverá ajudar a identificar as alterações genéticas que permitiram que os humanos saíssem de África, há 100 mil anos, e se espalhassem pelo mundo. Mas há um enigma que Pääbo não acredita que vá ser resolvido pelos genes: o da extinção dos Neandertais. “Não me parece que tenha sido devido ao seu genoma,” disse. “Teve claramente a ver com o ambiente ou com os humanos modernos.”»
(esquerda) e do neanderthalensis (direita).
Comments
Darwin ficaria espantado com os dias de hoje.
Então o menino de Lapedo não prova que os Neandertais se cruzaram com os Sapiens e deram origem a esta nobre raça Lusitana?
Ou depois de conhecerem o homem moderno decidiram-se pelo suicídio colectivo por terem previsto Sócrates? Não sei...
O menino de lapedo foi uma aberração e foi logo condenado à morte.