CGD, MAU HUMOR E IMPOTÊNCIA PUBLICITÁRIA
Não fazia a mínima ideia em torno de que tópico este excelente trio de actores, que admiro e louvo, gizaria humor, animaria a Nação, far-me-ia rir, atirar-nos-ia para cima. Os pródigos cartazes, espalhados como maná pela cidade, sugeriam algo enigmático e dúbio: «a nossa troika vai falar» e eu pensei em sátira da boa. Confesso que a minha desilusão foi total quando a instituição por detrás da iniciativa se mostrou à luz do dia e o meu sentido de humor desmoronou-se inteiramente. Com que então era a CGD, esse banco político, politizado e politizável, onde se sentaram durante anos, e engordaram, tantos militantes do PS e do PSD, especialmente o glorioso e frugal Vara?! Todos os Bancos foram amigos do socratismo e concubinos da política no mau sentido. Todos. Todos foram o instrumento perfeito, em vários momentos e para diferentes fins, uma vez que em Portugal o Poder político se converteu no ápice de um jogo e de uma traficância sem outro fito senão inocular ilusão colectiva de haver zelo pelo bem comum; tirar o máximo proveito e partido pessoal das oportunidades e das mediações; contentar os amigos, favorecer os negócios e os interesses privados sacrificando por regra o interesses público, tirar contrapartidas, arriscar com o alheio, salvaguardar o próprio. CGD e humor não combinam, pelo contrário, a CGD é a sua antítese perfeita. Pelo menos a mim deprime-me como um desfile funéreo de alguém que era muito querido, demasiado novo, demasiado benfeitor e filantrópico. Pode ela, CGD, vir para cima de nós com os melhores actores, com os melhores palhaços, com os melhores desportistas, com as melhores e mais desnudadas fêmeas, basta ter tido um Vara, negócios com cheiro a Vara, perfumes e gabinetes com dedadas de Vara, relógios Vara, sabonete Vara, vinhos Vara, gravatas Vara, para lhe degradar o prestígio, reduzindo-a à impotência publicitária por muitas e boas décadas. Esta publicidade não está no PAP. Vai é directamente para o lixo.
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